Cada Tijolinho do CCSP
Registro Oral, Escrito e Imagético das Histórias de Quem Construiu e Constrói o Centro Cultural São Paulo
“Recordar: do latim re-cordis tornar a passar pelo coração”.
Assim, o escritor uruguaio Eduardo Galeano começa o seu O Livro dos Abraços.
Assim, apresentamos este projeto: como um gesto de “tornar a passar” o CCSP “pelo coração”.
Luiz Telles - Concepção e uso dos espaços
Os editores do livro ainda dizem assim: “tratar a memória como coisa viva, bicho inquieto: assim faz Eduardo Galeano quando escreve. Sua memória pessoal e a nossa memória coletiva, da América. Quando escreve, ele mostra que a história pode – e deve – ser contada a partir de pequenos momentos, aqueles que sacodem a alma da gente sem a grandiloqüência dos heroísmos de gelo, mas com a grandeza da vida.”
E é exatamente disto que se trata o material que você vai ver aqui neste site: a sabedoria de perceber – ver e convidar a ver – a grandeza da vida manifestada nos pequenos momentos, de tratar a memória como coisa viva. As fazedoras e fazedores de memória deste “Cada tijolinho” sabem que não podemos esquecer. E trabalham para que não esqueçamos. Porque somos feitos das histórias que contam o que a gente é.
“A uva e o vinho
Um homem dos vinhedos falou, em agonia,
junto ao ouvido de Marcela.
Antes de morrer revelou a ela o segredo:
– A uva – sussurrou – é feita de vinho.
Marcela Pérez-Silva me contou isto, e eu pensei:
se a uva é feita de vinho,
talvez a gente seja as palavras que contam o que a gente é.”
Em 2007, comecei a trabalhar, como estagiária, no Centro Cultural São Paulo. E esse “pequeno” acontecimento mudou minha vida completamente. Acredito e conto por aí que foram duas pessoas – já mortas, porém sempre vivas – que me abriram o caminho para entrar no CCSP: Vladimir Herzog e Clarice Lispector. Herzog porque eu recentemente havia ganhado o prêmio Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos na categoria Novos Talentos; e Clarice, porque me perguntaram o que eu estava lendo e eu estava lendo Água Viva, dela. Percebo Vladimir e Clarice como dois cultivadores da memória, em duas manifestações diferentes, complementares e necessárias: a política e a arte. Na luta política e na arte, às vezes separadamente, às vezes tudo misturado, fugimos do esquecimento e do silenciamento e cultivamos esse saber humano que é lembrar para seguir existindo – ou para existir mais.
Em 2013, quando o CCSP completou 30 anos, realizamos um projeto de cultivo de memória parecido com este que você está lendo agora. Na ocasião, escutamos muitas pessoas e histórias. Destes encontros, o que mais me marcou foi a honra de conhecer o arquiteto Luiz Telles, um dos criadores deste espaço de encontro chamado Centro Cultural São Paulo.
Entre tantas histórias e detalhes preciosos que Luiz Telles nos contou e que você pode ver aqui: 2012 06 01 – 30 anos CCSP – Luiz Telles – Concepção e uso dos espaços – Primeira parte; aqui 2012 06 05 – 30 anos CCSP – Luiz Telles – Concepção e uso dos espaços –
Terceira parte; aqui: 2012 06 13 – 30 anos CCSP – Luiz Telles – Concepção e uso dos espaços – Quarta parte aqui:[CCSP 30 anos] Passeio com Luiz Telles, quero destacar um trecho de suas falas, que nos faz perceber que essa vocação para o encontro e a liberdade está na concepção, na origem deste lugar:
“A liberdade é vivencial. A liberdade ou se vive ou mal se entende dela. (…) Quando a gente decidiu fazer um único foyer aqui, um único saguão para as três salas, foi pensando que as pessoas se encontrassem. (…) Dentro desse período, que foi um período nefasto na vida da
gente, a questão da ditadura militar ferrada, a coisa mais importante pra nós foi a ignorância dos militares com relação aos espaços, porque eles não teriam permitido. Ele proibiram cinema, teatro, música, proibiram tudo que seria possível mas os espaços eles não conseguiram sacar que era pra reunir pessoas que poderia reunir pessoas e uma reunião de pessoas sempre tem uma questão política implícita. (…) Quem vem aqui é pra se encontrar. E esse é o grande lance do espaço público. (…) ele abriga seres públicos, estes seres que são políticos, que pensam no outro, que não querem impor suas própria ideias, querem troca ideias para ver até onde vão”.
O nome deste projeto não poderia ter sido melhor escolhido: Cada tijolinho. Quando leio “cada tijolinho” não posso deixar de pensar que os tijolos representam metaforicamente cada um de nós, pessoas apaixonadas pelo CCSP, que o fizeram, fazem e seguirão fazendo existir. Mas não me escapa também, como professora que sou hoje, outro uso da palavra tijolo. “Tijolo” como “palavra geradora”, do professor Paulo Freire – mais um já morto, porém sempre vivo. A palavra geradora é aquela que é escolhida com muita escuta e respeito ao contexto de cada comunidade de aprendizagem, que faz parte da vida das pessoas de uma maneira muito intensa e que, por isso, desperta em todos vontade de aprender, estar junto, conhecer e mudar o mundo.
Aqui, ao lado de “tijolo”, a palavra geradora da nossa comunidade CCSP será “memória”. Não a ideia de memória como coisa guardada, morta, parada. Mas aquela que, como diz (de novo) Galeano, é viva: “A memória viva, porém, nasce a cada dia”. Veja só: está nascendo bem agora, enquanto você lê, escuta e vê esse trabalho.
Por Juli Codognotto, ex-funcionária do CCSP e eternamente apaixonada por ele.
Cada Tijolinho é uma tentativa de preservar e organizar a memória do CCSP, registrar sua evolução a partir de depoimentos e imagens coletados ao longo dos anos.
Histórias de pessoas importantes na composição e ocupação deste espaço tão diverso e democrático. A ideia surgiu a partir do “Quem fez quem faz”, série de entrevistas iniciadas durante as comemorações dos 25 anos do CCSP. Este trabalho é apenas o início de uma documentação que pretende continuar a colher novas histórias, porque a memória é algo que deve ser construído a cada dia.
Diretores do CCSP
Ricardo Ohtake
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Fernando Lemos
Diretor do Centro Cultural São Paulo
José Geraldo Martins de Oliveira
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Mendel Aronis
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Neif Gabriel
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Roberto Vicente Frizzo
Diretor do Centro Cultural São Paulo
José Américo Motta Pessanha
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Maria Luiza Librandi
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Miriam Edith Bolsoni
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Carlos Augusto Machado Calil
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Celso Miotto Curi
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Heloisa de Amorim Dip
Respondendo pelo CCSP
Martin Grossmann
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Gilberto Carlos Marques Labor
Respondendo pelo CCSP até a posse de Ricardo Resende
Ricardo Resende
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Gilberto Carlos Marques Labor
Respondendo pelo CCSP
Pena Schmidt
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Cadão Volpato
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Erika Palomino
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Leandro Lehart
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Rodolfo Beltrão
Diretor interino
Rodolfo Beltrão
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Dandara Almeida
Diretor do Centro Cultural São Paulo
Cada Tijolinho - Arquitetura
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Cada Tijolinho - Diretores
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