Eurico Prado Lopes
Cada Tijolinho do CCSP
Arquiteto responsável pelo projeto (05/12/1939 - 12/04/1985)
“Uma senhora chamada Noemi Do Val Penteado (diretora do Departamento de Bibliotecas Públicas na época), que é, para mim, incrível, elétrica, fantástica, que eu acho que é, basicamente, quase diria: responsável direta pela existência do Centro Cultural.”
O Projeto Vergueiro era uma coisa extremamente complicada e contraditória,
porque construía, naquele lugar mesmo onde está o Centro Cultural hoje, um enorme conjunto de prédios, que eu acho que os desenhos, as reportagens e tal (…) enfim, o tipo de especulação imobiliária oficial. E aquilo, então, foi colocado em concorrência para a iniciativa privada explorar.
E aí a guerra foi pegar aquele terreno, preservar as árvores no meio, dar a unidade que ela ia precisar manter, não construir uma torre, e aí já era uma armadilha. Tem uma posição urbanística, a gente queria contrariar realmente os piores momentos da cidade, não fazer, quer dizer, preservar hectolitros de ar em cima, e que a construção tivesse o mínimo, o menor impacto sobre a paisagem possível, porque a gente queria deixar como estava, porque era bonito como estava, que era a barranca natural, a ideia de que ele construiu a barranca, então foi por aí. E, claro, a óbvia dificuldade de duas avenidas barulhentas, sujas, fedorentas, de todos os lados, um edifício voltado à reflexão, ao pensamento, à cultura no meio daquela parafernália, esgoto-viário.
Então a ideia surgiu, apareceu o Partido Urbanístico, o primeiro. A primeira ideia, que está lá até agora, era criar uma rua interna que ligasse as duas estações do metrô, ainda que com rampas e escadas, mas que fosse agradável o suficiente para substituir as calçadas normais, e desse um mínimo de abrigo, criando um elemento intermediário entre o espaço interno e o externo.