FESTIVAL NICHO NOVEMBRO 2022

04 a 13/11

  • Na Sala Lima Barreto, Foyer, Adoniran Barbosa e Jardim Suspenso (lado Vergueiro)
  • Conferir a programação de cada dia 
  • Classificação Indicativa: livre
  • Grátis
  • Os ingressos de cinema poderão ser retirados na bilheteria, com 1 hora de antecedência. O show e a sessão ao ar livre terão ingressos disponíveis na plataforma Sympla 
  • É recomendado o uso de máscara

Promovida pelo instituto NICHO 54, a quarta edição do Festival NICHO Novembro acontece entre os dias 04 e 13 de novembro de 2022 com programação presencial e gratuita na cidade de São Paulo. Entre os destaques das atividades do Festival no CCSP está uma seleção de 31 filmes que apresentam um recorte potente da safra anual de obras focadas nas vivências negras do Brasil e do exterior. Entre eles estão “Manhã de Domingo” (Urso de Prata no Festival de Berlim), de Bruno Ribeiro; “A perda de Joy” (“Losing Joy”, BlackStar Film Festival), de Juliana Kasumu; “Esconderijo dos lagos gêmeos” (“Twin Lakes Haven”, Festival de Locarno), de Philbert Aimé Mbabazi Sharangabo e “Sessão bruta” (Mostra de Tiradentes), de As Talavistas e Ela.Ltda.

O NICHO Novembro 2022 destaca também a nova produção audiovisual cabo-verdiana. O programa “Tela de Pano-Terra: Nova Onda Cabo Verde” (“Ekran D’pánu Téra: Nobu Vaga Kauberdi”) apresenta um recorte curatorial que abraça as nuances das identidades e da memória coletiva, da (des)pertença, do hibridismo, do estar em trânsito e da transnacionalidade da caboverdianidade.

Além disso, o público vai poder participar ainda de uma sessão de cinema ao ar livre, de rodas de conversa sobre as obras e conferir uma exposição fotográfica que marca a trajetória do NICHO 54 desde a sua criação em novembro de 2019.

Para celebrar as vidas negras e toda programação do festival, o NICHO Novembro convida o AFROJAM-SP, projeto musical de artistas pretos independentes sob a insígnia “Celebração e protagonismo: das tradições ao afrofuturismo”. A apresentação musical será no dia 12 de novembro, a partir das 19h, na sala Adoniran Barbosa. Os ingressos poderão ser reservados por meio da página do NICHO Novembro no Sympla assim como a sessão ao ar livre.

PROGRAMAÇÃO 

04/11 

Sessão de abertura | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Grace tomada única, de Lindiwe Matshikiza

One Take Grace, África do Sul, 2021, 91 minutos 

Um retrato cinematográfico experimental de Mothiba Grace Bapela, 58 anos, mãe sul-africana, avó, atriz de cinema e televisão que foi empregada doméstica por mais de quarenta anos. Bapela narra e representa algumas de suas vivências, observando e absorvendo o que acontece na intimidade dos lares e famílias de outras pessoas – do mais banal ao macabro — enquanto recalca seus próprios desejos frustrados e traumas. Narrada pela própria Bapela, o documentário se constitui como uma perspectiva de uma pessoa que passou a maior parte de sua vida servindo os sonhos dos outros, tentando usar suas experiências para superar a sua própria. A diretora Lindiwe Matshikiza conduz um processo criativo multidisciplinar na produção deste retrato realizado colaborativamente da posição muitas vezes precária, e às vezes milagrosa, de uma trabalhadora imigrante africana. 

05/11 

Sessão de curtas “Nossos corações” | Sala Lima Barreto | Às 16h30

Por amor, de Joy Gharoro-Akpojotor

For Love, Reino Unido, 2021, 13 minutos 

Com Marcy Dolapo Oni, Ann Akinjirin, Diana Yekinni

Nkechi, uma imigrante ilegal, vive feliz, mas escondida, com sua companheira Martha. Quando agentes da imigração aparecem de forma inesperada, elas são obrigadas a tomar decisões difíceis a respeito de seu futuro juntas. 

Esconderijo dos lagos gêmeos, de Philbert Aimé Mbabazi Sharangabo

Twin Lakes Haven, Ruanda, 2022, 22 minutos 

Com Rebecca Mucyo Uwamahoro, Aline Amike, Moise Mutangana

Em uma casa solitária perto dos lagos gêmeos no norte de Ruanda, uma jovem mulher misteriosa passa alguns dias com um casal. Ao longo de sua curta estadia, sua ligação cada vez próxima com um deles acaba por uni-los vagarosamente. 

Time de dois, de André Santos

Brasil, 2021, 11 minutos 

Com  mino Brasil, Thásio Igor, Célia Melo, Leonardo Prata

Flávio e Wendel são da mesma escolinha de futebol e compartilham o sonho de serem jogadores profissionais. Flávio tem dúvidas se deve continuar tentando e com a possibilidade de sua desistência, Wendel percebe que o que eles sentem um pelo outro pode ser mais que amizade. 

Meio dia, de Morgan Mathews

Half Day, Estados Unidos, 2022, 17 minutos 

Com Fred Ferguson, Christian Walton, Jamal Trulove, Kedren Spencer

Meio Dia é uma história que fala de amor e família, ambientada no início dos anos 2000. Dom não vê seu pai desde que seus pais se divorciaram há seis anos. Agora que o pai se casou novamente e voltou para a cidade, o jovem Dom irá passar os fins de semana com ele. Mas o primeiro reencontro de Dom com seu pai é, na verdade, por meio de seu meio-irmão, Kyle, após o término das aulas. Apesar dos interesses em comum, velhos ressentimentos vêm à tona.

Sessão “Nossas Mães” | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Rito de beleza, de Maria Marrone, Shenny De Los Angeles 

The Ritual to Beauty, Estados Unidos, 2020, 14 minutos 

Rito de beleza é uma obra de técnica mista que integra a estilização do documentário e da declamação. Inspirada no programa de Shenny What Happens to Brown Girls Who Never Learn How to Love Themselves Brown?, esta obra convida você a testemunhar o significado da beleza através de três gerações de mulheres dominicanas. A avó, a mãe e a filha. Há uma dor profunda de negação de sua negritude no processo de tomar consciência sobre o ritual de beleza que foi repassado a cada mulher. É apenas a partir da voz secreta na água que a filha é capaz de se libertar de uma dor que a acompanha desde que nasceu. Ao perdoar a si mesma e às mulheres que vieram antes dela, será que ela finalmente verá como é bela quando estiver livre? 

A história de minha mãe, de Maïram Guissé 

La Vie de Ma Mère, França, Senegal, 2022, 52 minutos 

Com Fatimata Guissé, Maïram Guissé

A história de uma mãe contada por sua filha que durante muito tempo a via sem realmente enxergá-la. Mas agora sua mãe está prestes a se aposentar e planejando uma longa viagem de volta ao Senegal. Por isso, Maïram quer entender quem é a mulher por trás de sua mãe. Ela conta a história de Fatimata e suas fiéis amigas, que conquistaram, ano após ano, seu espaço de liberdade. 

Águas silenciosas, de Aurora Brachman

Still Waters, Estados Unidos, 2022, 12 minutos 

Uma filha faz uma pergunta a respeito da infância de sua mãe. A resposta as obriga a repassar o evento e sua repercussão ao longo de suas vidas. 

Das 20h30 às 21h30 | Foyer do CCSP 

Roda de conversa com Shenny de Los Angeles , diretora de “Rito de beleza”

06/11

Sessão “Nossos conflitos” | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Perigo noturno, de Karimah Zakia Issa

Scaring Women at Night,, Canadá, 2022, 11 minutos 

Com Izaiah Dockery, Kavita Musty, Dashawn Blackwood

Duas pessoas desconhecidas entre si ficam assustadas ao voltarem tarde para casa. À medida que tentam escapar uma da outra, seus mundos colidem na intersecção, forçando-as a questionar de quem elas têm medo e por quê. 

Cabo de guerra, de Amil Shivji 

Vuta N’Kuvute/Tug of War, Tanzânia, África do Sul, Alemanha, Catar, 2021, 92 minutos 

Com Gudrun Columbus Mwanyika, Ikhlas Gafur Vora, Siti Amina

Uma história de amor político sobre amadurecimento que se inicia nos últimos anos da colonização britânica no então Zanzibar. Denge, uma jovem ativista na luta pela liberdade, conhece Yasmin, uma mulher indiana-zanzibari no meio da noite, quando está prestes a se casar. A paixão e a revolução se intensificam. 

08/11

Programa especial “Tela de pano-terra: Nova Onda Cabo Verde” 

Sessão “Curtas nos colos dos ancestrais” | Sala Lima Barreto | Às 16h30

Novo homem, Carlos Yuri Ceuninck

Omi Nobu, Cabo Verde, Bélgica, Alemanha, Sudão, 2023, 15 minutos 

Nos anos 1980 em Cabo Verde, na Ilha de São Nicolau, Ribeira Funda, uma pequena aldeia situada no fundo de um vale rodeado por altas montanhas e um mar turbulento, os habitantes passaram por uma série de acontecimentos trágicos. Suas superstições os levam a deixar a vila para fugir das forças do mal. Todos partem para se estabelecerem na vizinha Estância de Braz. Todos, exceto um. Apenas um homem ficou: Quirino da Cruz, 76 anos, foi o único habitante que ficou em Ribeira Funda, “a aldeia fantasma”. 

Por quatro décadas, Quirino recusou a ajuda oferecida por seus amigos e autoridades locais para realocá-lo. Perante essas iniciativas, insistiu com orgulho que a Ribeira Funda era “a terra do seu nascimento e o túmulo da sua morte”. Sobrevivendo da pesca e da agricultura, passa seus dias contemplando o oceano e as majestosas montanhas que cercam sua casa. Seus companheiros: um galo, alguns pardais e um rádio portátil a pilhas, do qual ressoam informações do resto do mundo. 

Hoje, Quirino é confrontado com um futuro incerto e com o peso exaustivo do isolamento, da doença e da velhice. Pela primeira vez em sua vida, começa a crescer a ideia de que ele poderá ter de deixar a única aldeia natal e mudar-se também para Estância de Braz. Deverá tomar a decisão de mudar e adaptar-se ou enfrentar a morte sozinho na terra que o viu nascer? 

Querida Mila, de Denise Fernandes

Nha Mila, Portugal, Suíça, 2020, 19 minutos 

Com Yaya Correia, Maria Sanches, Cleo Tavares

Depois de 14 anos longe da sua terra natal, Salomé viaja para a Ilha de Santiago, Cabo Verde, para ver o seu irmão cuja vida está por um fio. Faz escala no aeroporto de Lisboa, onde Águeda, funcionária da limpeza, a reconhece como “Mila”, sua velha amiga de infância. Águeda convida-a a passar as horas de escala em sua casa, com as mulheres da sua família. Enquanto Salomé luta para desmagnetizar a dolorosa ligação com a sua terra, o espírito do bairro devolve-a à essência a qual ela pertence. 

Dona Mónica, de Carlos Yuri Ceuninck

Bélgica, Cabo Verde, 2020, 7 minutos 

Um retrato íntimo de Dona Mónica, a primeira pessoa trans da ilha de Santiago, Cabo Verde. Dona Mónica nos leva a um percurso de lutas e conquistas desde a infância à idade adulta em busca do seu lugar numa sociedade cabo-verdiana católica e conservadora. 

Mistida, de  Falcão Nhaga 

Portugal, 2022, 30 minutos 

Com Bia Gomes, Welket Bungué 

Uma mãe imigrante, aflita das costas, liga ao filho para que ele a ajude a carregar os sacos de compras para casa. Durante o percurso, os dois conversam sobre o futuro através do passado, numa revinda às suas amarguras e alegrias. 

Das 17h45 às 18h45 | Foyer do CCSP 

Roda de conversa “De papo com a caboverdianidade” (“Fladu Fla Kriolu Na Sampa”) com P.J. Marcellino, Sueli Duarte e Diltino Moniz Ferreira

Sessão “Futuridade” | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Geada de Netuno, de Saul Williams, Anisia Uzeyman

Neptune Frost, Ruanda, Estados Unidos, 2021, 105 minutos 

Com Cheryl Isheja, Bertrand Ninteretse Kaya Free

No Burundi, um grupo de mineiros de coltan fugitivos formam um coletivo anticolonial de hackers que tenta assumir o controle do regime que está explorando os recursos naturais da região. Quando um fugitivo intersexual e um mineiro se encontram, sua conexão provoca falhas no circuito divino maior. Ambientado entre estados de ser — passado e presente, sonho e vigília, colonizado e livre, masculino e feminino, memória e presciência —, Geada de Netuno é um poderoso download direto para o córtex cerebral e um apelo à reivindicação da tecnologia para fins políticos progressistas. 

Das 21h às 21h30 | Foyer do CCSP 

Roda de conversa sobre o filme da sessão “Futuridade”

09/11

Programa especial “Tela de pano-terra: Nova Onda Cabo Verde” 

Sessão “Baobá/Origens/Codeswitch/Afrofuturos” (“Pé di Polón/Txon/Codeswitch/Afrofuturu”) | Sala Lima Barreto | Às 16h30

Identidade I e Identidade II, de Angela Brito

Identidadi I e Identidadi II, Brasil, 2020, 5 e 6 minutos 

Com Trislane Martins (bailarina), Beatriz de Carvalho, John Herbert

Nesses dois curtas transmídia criados respectivamente para o BRIFW (Brazil Immersive Fashion Week) e para SPFW (São Paulo Fashion Week) para a apresentação da sua coleção IDENTIDADE durante o primeiro impacto da pandemia da Covid-19, Angela Brito atravessa as já bem esbatidas fronteiras entre moda, cinema, novas tecnologias e performance, criando documentários híbridos-experimentais. 

Neles, Angela se refugia em seu incessante estado de deslocamento: movimento cíclico de retornar ao ponto de origem, revisitar suas continuidades e construir projeções de si como produto da diáspora. Imagina-se pedaço vivo de sua terra e de cada lugar no qual se estabeleceu. Nessa coleção, Angela Brito explora a identidade como um devir contínuo, abarcando conceitos subjetivos sobre africanidade, diáspora e futuro. O pánu di téra conduz a narrativa dos filmes (e da coleção) através de texturas impressas pelo próprio tear no tecido. Angela revisita o seu formato tradicional, de padronagem preto e branca e gramatura densa, e o transforma, a partir de seu olhar futurístico, no reflexo de sua própria contemporaneidade. 

Kmêdeus: Come Deus, de Nuno Miranda

Cabo Verde, 2020, 52 minutos 

Com António Tavares

 A intrigante história de um homem excêntrico e sem abrigo chamado Kmêdeus (Come Deus), vivendo na Ilha de São Vicente, Cabo Verde. Para alguns ele era um lunático; para outros, um artista. Mas para todos, ele era e ainda é um mistério. António Tavares, o reconhecido bailarino contemporâneo cabo-verdiano, coreografou e dançou uma performance excepcional baseada na vida e no mundo interior de Kmêdeus. Ele nos leva numa jornada pela sua cidade de Mindelo, a música e filmes dessa ilha, e a celebração do seu Carnaval. O filme, assim, transforma-se numa busca por elementos das raízes dessa que é uma das primeiras comunidades crioulas no mundo. 

#4 Mangifera, de Flávia Gusmão

Portugal, Cabo Verde, Canadá, 2022, 52 minutos 

Com Aldina da Luz, Aurisanda da Luz, Carolina Costa, Débora Roberto

Partindo de um livro enterrado no canteiro de uma mangueira da última casa de Samira Pereira (ativista cultural cabo-verdiana que faleceu em 2021), faz-se uma tentativa de construir um mapa ficcional, geográfico, emocional e afetivo. A ficção, complexidade e nuances da identidade são construídas a partir de mapas imaginários de Cabo Verde e das comunidades cabo-verdianas. Por meio de um processo colaborativo de criação desenvolvido com diferentes comunidades cabo-verdianas de vários países, encontra-se um paralelo imaginado entre a biografia de Samira Pereira – nascida um ano depois da independência de Cabo Verde – e os acontecimentos históricos e políticos que marcam o seu círculo de amigos e coconspiradores, o seu legado e atividade cultural e os territórios onde viveu, nomeadamente os que influenciaram fluxos migratórios de partida e de regresso. 

Sessão “Fazer ancestral em comunidade” | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Sessão bruta, de As Talavistas e Ela.Ltda

Brasil, 2021, 84 minutos 

Com Cafézin, Darlene Valentim, Duca Caldeira

Rodado a quente com uma câmera Mini-DV, em 2018, sem grandes preparativos, mas com muito suor e cerveja, “Sessão bruta” se apresenta como uma sucessão de prólogos de um filme sempre por fazer. O que as une é o desejo de pegar para si uma fatia do mundo. 

Das 20h30 às 21h30 | Foyer do CCSP 

Roda de conversa com Duca Caldeira, produtora do filme “Sessão bruta” 

10/11

Programa especial “Tela de pano-terra: Nova Onda Cabo Verde” 

Sessão “Resistência, Memória, Identidade I” (“Storia di Tenp d’Kanekinha I”) | Sala Lima Barreto | Às 16h30

Djassi, Amílcar, de Chissana Magalhães

Djassi, Cabo Verde, 2019, 5 minutos 

Com Camila Fernandes Furtado, Ricardo Évora Martins, Anaïs Magalhães Silva

Abel Djassi é o nome adoptado por Amílcar Cabral enquanto combatente da luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, sendo referido pelos mais próximos por Djassi. Amílcar Cabral tinha uma relação próxima com as crianças, repetem vários testemunhos históricos. Preocupava-se com elas, queria-as educadas e que o futuro lhes fosse risonho. Por isso, fez nascer a escola-piloto de Conacry, onde filhos de combatentes e órfãos da guerra estudavam. Algumas dessas crianças — as flores da revolução, como lhes chamava —, como Teresinha Araújo, viveram para dar o seu testemunho do que Cabral foi para elas. E as crianças de hoje, sabem quem foi Amílcar Cabral? O que sabem dele? Como o imaginam? Como imaginam a sua infância? Como reagem a algumas informações sobre ele? A curta-metragem “Djassi” dá-lhes voz e deixa-as livres para dizer aquilo que pensam.

Canhão de Boca, de ngelo Lopes

Kanhon D’Boca, Cabo Verde, 2016, 52 minutos 

No contexto de luta de libertação de Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral usava a expressão “Canhão de Boca” para se referir à Rádio Libertação como arma mais poderosa do que todo o arsenal de guerra que pudessem possuir.  A partir da experiência cabo-verdiana e com um olhar sobre o mundo, o documentário “Canhão de Boca” ficciona um programa de rádio com Amélia Araújo, uma das vozes da Rádio Libertação que deu corpo aos programas de difusão dos ideais da luta entre 1964 e 1973, e Rosário da Luz, voz que incorpora a informação crítica como luta da desconstrução contemporânea em Cabo Verde. As suas lutas são próprias de cada tempo, mas são, na sua essência, lutas comuns. 

Canhão de Boca é um documentário sobre a construção da liberdade em Cabo Verde a partir da rádio, que combina dois tempos: o presente e o passado históricos. Sintoniza, assim, tanto a frequência das vozes do contemporâneo: a economista e comentarista Rosário Luz e o diretor da Rádio Morabeza, Nuno Ferreira, como as da Rádio Libertação, como Amélia Araújo, locutora das emissões em português — a voz mais conhecida da rádio criada em 1967 — e que foi crucial para difundir os ideais do Partido Africano para a independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). 

Espelho de Prata, de Diogo Bento, Edson Silva D.

Spédju Prata, Portugal, Cabo Verde, 2012, 49 minutos 

Fundado em 1890, o Estúdio fotográfico Foto Melo, na cidade de Mindelo, Ilha de São Vicente, registou durante 50 anos o quotidiano e as ocasiões especiais que ocorriam no arquipélago de Cabo Verde. Quando fechou as portas um século depois, em 1992, o Estúdio Foto Melo possuía um acervo composto por 150.000 negativos, milhares de provas em papel e outro tanto de material fotográfico como tinas de revelação, iluminação ou câmaras fotográficas antigas. Deixado ao abandono durante largos anos, o árduo trabalho de preservação e recuperação desse espólio degradado mas de enorme importância para a história e identidade nacionais aconteceu finalmente na última década, iniciando um movimento de resgate de memórias cotidianas. Como casual pano de fundo, achamos as intempéries políticas do século XX, incluindo os ventos de autonomia e os processos de descolonização e independência. 

Sessão “Experimentações” | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Solmatalua, de Rodrigo Ribeiro-Andrade

Brasil, 2022, 15 minutos 

Em uma onírica odisseia afro-diaspórica, paisagens e vielas encontram-se nas encruzilhadas do tempo. “Solmatalua” percorre um vertiginoso itinerário por territórios ancestrais e contemporâneos, realizando uma mística viagem que resgata memórias e busca possíveis futuros. 

Caixa preta, de Saskia, Bernardo Oliveira

Brasil, 2022, 51 minutos 

A terra é apenas um lugar. Mas nem chega a ser sequer um lugar normal, pois a maior parte do cosmos está vazia. Normal é o vasto e imenso vazio, frio e universal, a noite eterna do espaço em comparação com o qual as estrelas, os seus planetas, já aparecem como algo dolorosamente raro e precioso. Se nos soltassem ao acaso dentro do cosmos, a probabilidade de que surgíssemos no planeta ou mesmo em sua vizinhança seria inferior a uma parte de mil milhões, mil milhões, mil milhões…

Das 20h30 às 21h30 | Foyer do CCSP 

Roda de conversa sobre os filmes da sessão “Experimentações” 

11/11

Sessão “Arquivos negros” | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Xaraasi Xanne — vozes cruzadas, de Raphaël Grisey, Bouba Touré

França, Alemanha, 2022, 120 minutos 

Xaraasi Xanne — vozes cruzadas conta, a partir de raros arquivos cinematográficos, fotográficos e sonoros, a extraordinária história da Somankidi Coura, cooperativa agrícola fundada no Mali em 1977 por trabalhadores imigrantes da África Ocidental que viviam em alojamentos na França. A história dessa improvável utopia de retorno ao país segue um caminho tortuoso que, desde a década de 1970, vem lançando luz sobre as questões ecológicas e as lutas no continente africano hoje. 

Das 21h às 21h30 | Foyer do CCSP 

Roda de conversa sobre o filme da sessão “Arquivos negros” 

12/11

Sessão “Artesania” | Sala Lima Barreto | Às 16h30

Manhã de domingo, de Bruno Ribeiro

Brasil, 2022, 25 minutos 

Com Raquel Paixão, Leonardo Castro, Silvana Stein

Gabriela é uma jovem pianista que irá se apresentar em seu primeiro grande recital. No entanto, um sonho com sua falecida mãe desestabiliza a mente e o coração de Gabriela, colocando em risco a sua apresentação. A partir de uma série de encontros ao longo de um dia, Gabriela irá se lançar em uma jornada de reconciliação com suas memórias e sua mãe.

A perda de Joy, de Juliana Kasumu

Losing Joy, Reino Unido, 2022, 15 minutos 

Com Michelle Tiwo, Shanay Neusum-James, Deji Tiwo

A jovem Faith luta para aceitar o primeiro aniversário da morte de sua irmã, mas ainda está presa no luto. Será que a chegada de Olivia, amiga e ex-companheira, irá ajudá-la na jornada? 

Não vim no mundo para ser pedra, de Fabio Rodrigues Filho

Brasil, 2022, 26 minutos 

Um samba sobre o infinito.

Das 17h40 às 18h30 | Foyer do CCSP 

Roda de conversa com Fabio Rodrigues Filho, diretor de “Não vim no mundo para ser pedra” 

13/11

Sessão de encerramento: “Estamos em comunidade” | Sala Lima Barreto | Às 19h00

Men Nan Men, de Wilson Edmond

Haiti, 2022, 15 minutos 

Inspirada pelo sucesso da série “Orange is The New Black”, Estela Valsain reúne suas amigas para dar oficinas de artesanato às mulheres encarceradas de uma prisão da cidade com a intenção de lhes trazer esperança. Estella, ex-aluna de cinema do Instituto Artístico, trabalha principalmente como professora, já que há pouquíssimas oportunidades no Haiti para cineastas. Por ter sido encorajada a aprender mais sobre a vida prisional feminina através da série estadunidense, ela descobriu o quanto essas mulheres precisam de apoio. Através da solidariedade de sua comunidade, “Men Nan Men” é um documentário que acompanha o trabalho de Estella com mulheres no sistema prisional e dá voz a essa população negligenciada. 

Ainda estamos aqui, de Eli Jacobs-Fantauzzi 

Nos Tenemos, Porto Rico, 2022, 54 minutos 

“Nos Tenemos” apresenta a incrível juventude de Comerío, Porto Rico, que enfrenta as consequências do Furacão Maria, um desastre que trouxe um nível de devastação sem precedentes a uma ilha já em crise econômica e política. Nas exuberantes montanhas do centro de Porto Rico, Mariangelie Ortiz, de 24 anos, lidera um grupo de jovens moradores que nunca pensaram que se tornariam líderes de sua comunidade. No entanto, eles agora estão viajando para Washington D.C. para fazer um protesto no Congresso. Acompanhe esses jovens nessa história de amadurecimento descobrirem seu poder e começarem a criar um futuro sustentável para si mesmos e para sua comunidade. 

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