Mostra: Variações Bemberg

03 a 08/05 e 16/05 a 16/06 

VARIAÇÕES BEMBERG é a primeira mostra de cinema no Brasil a homenagear a diretora e roteirista argentina María Luisa Bemberg, que em 2022 faria 100 anos de idade. María Luisa Bemberg é reconhecida internacionalmente por sua excepcional obra cinematográfica, desenvolvida entre os anos 1970, 1980 e início dos 1990 – uma novidade fulgurante comparada ao cinema feito, na mesma época, na Argentina, no Brasil e na América Latina em geral, tanto por questões formais, estéticas e discursivas, quanto por questões temáticas e políticas, que estão ligadas às formas de trabalhar com os gêneros cinematográficos (em particular, o melodrama) e com a abordagem de reivindicações feministas que focalizam a autonomia sexual das mulheres.

Ecos bembergianos vai apresentar filmes de 5 diretoras contemporâneas (Lucrecia Martel, Ana Katz, Inés María Barrionuevo, María Victoria Menis e Anahí Berneri) que tiveram suas carreiras influenciadas diretamente pelas obras de Bemberg. María Luisa Bemberg 100 Anos trata-se de uma retrospectiva da diretora que conta com 4 longas e 2 curtas-metragens inéditos no Brasil. A retrospectiva será disponibilizada na plataforma CCSPLAY gratuitamente, com acesso ilimitado aos filmes. 

VARIAÇÕES BEMBERG tem curadoria de Natalia Christofoletti Barrenha e Julia Kratje e parceria com o Consulado Geral da República da Argentina, Vai e Vem Produções e Arte in Vitro. Confira textos das curadoras da mostra nos botões abaixo:

Por Leila Guerriero
Tradução de Cristina Alvares Beskow

Por Julia Kratje e Marcela Visconti
Tradução de Natalia Christofoletti Barrenha

Por Natalia Christofoletti Barrenha & Julia Kratje,
curadoras da mostra

Por Lucrecia Martel
Tradução de Natalia Christofoletti Barrenha

ECOS BEMBERGIANOS

  • 03 a 08/05
  • Na Sala Lima Barreto
  • Verifique a classificação indicativa de cada filme
  • Grátis
  • Os ingressos estarão disponíveis na bilheteria uma hora antes da programação
  • É recomendado o uso de máscara 

PROGRAMAÇÃO 

03/05

17h00 A CÂMARA ESCURA

19h00 MINHA AMIGA DO PARQUE

06/05

17h00 JULIA E A RAPOSA

19h00 ALANIS

04/05

17h00 SONHO FLORIANÓPOLIS

19h00 JULIA E A RAPOSA

07/05

17h00 O PÂNTANO

19h00 A MENINA SANTA

05/05

17h00 ALANIS

19h00 A CÂMARA ESCURA

08/05

17h00 MINHA AMIGA DO PARQUE

19h00 SONHO FLORIANÓPOLIS

 

SINOPSES

O PÂNTANO, de Lucrecia Martel.

La ciénaga, Argentina, 2001, 103 min., 14 anos.

Com Graciela Borges, Mercedes Morán, Sofía Bertolotto, Andrea López, Leonora Balcarce, Martín Adjemián, Daniel Valenzuela, Juan Cruz Bordeu.

Fevereiro no noroeste argentino. Sol que racha a terra e chuvas tropicais. No morro, alguns lugares alagam. Essas ciénagas – lamaçais, brejos – são armadilhas mortais para os animais de passo pesado. Por outro lado, são criadouros de bichinhos felizes. Esta história não trata de ciénagas, mas da cidade de La Ciénaga e arredores, onde vivem as primas Mecha e Tali com seus maridos e filhos. Nos dias de carnaval, dois acidentes reunirão estas duas famílias em uma casa de campo, onde tratarão de sobreviver a um verão dos diabos. 

A MENINA SANTA, de Lucrecia Martel.

La niña santa, Argentina, 2004, 106 min., 14 anos.

Com María Alché, Mercedes Morán, Julieta Zylberberg, Carlos Belloso, Mía Maestro, Alejandro Urdapilleta, Mónica Villa.

As adolescentes da pequena cidade de La Ciénaga se reúnem na igreja para discutir assuntos doutrinários. Por estes dias, as conversas giram em torno da vocação. As amigas Amalia e Josefina, quando não participam da discussão, cochicham sobre beijos e carícias. Ao ter um encontro nada convencional com um médico que está de passagem, Amalia, confundida entre sua devoção religiosa e um desejo que aflora, assume para si a missão sagrada de salvar esse homem do pecado. 

A CÂMARA ESCURA, de María Victoria Menis.

La cámara oscura, Argentina, 2008, 86 min., livre.

Com Mirta Bogdasarian, Fernando Armani, Patrick Dell’Isola, Silvina Bosco, Carlos Defeo.

Em uma colônia de imigrantes a fins do século XIX, uma mulher que, segundo sua família, nasceu feia, cresce sendo uma menina pouco agraciada que se converte em uma mulher insignificante, quase transparente. Ignorada por todos, ela não renuncia a contemplar os pequenos encantos do mundo que a rodeia com um ávido interesse. Anos mais tarde, já casada e com filhos, um fotógrafo francês chega a sua casa de campo e, através de um outro olhar, será o único a descobrir a particular beleza da protagonista e seu intenso mundo interior. Baseado no conto homônimo de Angélica Gorodischer.

MINHA AMIGA DO PARQUE, de Ana Katz.

Mi amiga del parque, Argentina, 2015, 84 min., livre.

Com Julieta Zylberberg, Ana Katz, Maricel Álvarez, Mirella Pascual, Daniel Hendler, Mariano Sayavedra.

Liz está desorientada, atribulada, fascinada com a maternidade, e não sabe bem como atuar nesse novo mundo de pequenas desventuras cotidianas que se convertem em épicas aventuras de superação. Enquanto o marido viaja a trabalho, ela passeia com seu bebezinho no parque e encontra outras mães e pais, entre os quais Rosa e Renata, as insólitas e suspeitas “irmãs R” (que aparecem sempre com a frase ambígua, o detalhe surpreendente, a proposta inusitada). Liz desconfia das novas amigas, avista algum perigo, mas avança com a relação, o que gera um intrigante clima de suspense que penetra na comédia, brincando com as expectativas a todo momento.

ALANIS, de Anahí Berneri.

Alanis, Argentina, 2017, 83 min., 16 anos.

Com Sofía Gala Castiglione, Dante Della Paolera, Dana Basso, Silvina Sabater, Carlos Vuletich, Estela Garelli.

Alanis, uma jovem prostituta, vive com seu filho e uma antiga colega de trabalho, quem a ajuda com o bebê enquanto ela atende seus clientes. Quando dois policiais invadem o local se passando por clientes, sua colega é presa, e Alanis se vê vivendo na rua. Apresentando uma performance potente de Sofía Gala Castiglione no papel-título (ao lado de seu filho na vida real, Dante), o filme oferece uma visão não sentimental e não moralizante de uma mulher autodeterminada que tenta viver sua vida sem remorsos enquanto enfrenta leis contraditórias de prostituição que destinam-se a protegê-la, mas muitas vezes fazem o oposto.

JULIA E A RAPOSA, de Inés María Barrionuevo.

Julia y el zorro, Argentina, 2018, 105 min., 16 anos.

Com Umbra Colombo, Victoria Castelo Arzubialde, Pablo Limarzi.

Durante o áspero inverno de Córdoba, a ex-atriz Julia e sua filha pré-adolescente Emma se instalam em um antigo casarão, que tentam reformar para depois vendê-lo. O tempo passou desde a morte do marido de Julia e pai de Emma, mas elas ainda estão de luto. A tristeza deixou Julia retraída, distante de sua filha. Uma noite, ela se encontra com Gaspar, um amigo de longa data que tenta convencê-la a participar de um concurso de atuação. Juntos, os três buscam uma maneira de reconstruir suas vidas, iniciando um projeto incerto e um novo tipo de família. 

SONHO FLORIANÓPOLIS, de Ana Katz. 

Sueño Florianópolis, 2018, Argentina, 107 min., 14 anos.

Com Mercedes Morán, Gustavo Garzón, Andréa Beltrão, Marco Ricca, Joaquín Garzón, Manuela Martínez, Caio Horowicz.

No verão de 1990, Pedro e Lucrecia, “tecnicamente separados” após 22 anos de casamento, decidem viajar de férias com seus filhos adolescentes ao litoral sul do Brasil, e caem na estrada em um Renault 12 sem ar-condicionado. Lá, conhecem Marco, brasileiro que aluga a casa de veraneio à família, e sua ex-namorada Larissa. Entre ondas, karaokê, passeios aquáticos e mal-entendidos, nascem os romances cruzados. Pais e filhos se divertem e ensaiam a “alegria brasileira”, descobrindo pouco a pouco qual é o sonho de cada um nesta comédia inteligente e cheia de sensualidade.

MOSTRA MARÍA LUISA BEMBERG 100 ANOS

  • 16/05 a 16/06 
  • No CCSPLAY
  • Verifique a classificação indicativa de cada filme

SINOPSES

O MUNDO DA MULHER, de María Luisa Bemberg.

El mundo de la mujer, Argentina, 1972,15 min., livre.

O primeiro filme de María Luisa Bemberg é o retrato ácido de uma feira com produtos destinados à mulher, realizada pela Sociedad Rural Argentina, organização-mor da aristocracia local. O olhar irônico sobre os valores perpetuados pelo machismo se faz sem intervenção da narração e se assenta nos efeitos produzidos pela montagem, pela música e pela própria mise en scène, que desloca radicalmente o que vemos. 

BRINQUEDOS, de María Luisa Bemberg.

Juguetes, Argentina, 1978, 11 min., livre.

Filmado em uma feira de brinquedos em Buenos Aires, este documentário traz diversas entrevistas com meninas e meninos de 09 e 10 anos. Elas, uniformemente, querem ser professoras; eles, variavelmente, falam de um conjunto muito distinto de profissões. Brinquedos é um documentário sobre a socialização e o caráter pedagógico dos objetos e dos discursos que nos acossam antes mesmo de nascermos. Bemberg mostra como os brinquedos oferecem uma dramática pedagogia tautológica que vai criando o mundo e, sobretudo, o destino de seus usuários.

SENHORA DE NINGUÉM, de María Luisa Bemberg.

Señora de nadie, Argentina, 1982, 94 min., 12 anos.

Com Luisina Brando, Rodolfo Ranni, Julio Chávez, China Zorrilla, Susú Pecoraro, Gabriela Acher.

Leonor é uma dona de casa que descobre que seu marido a engana. Com mais medo que convicção, abandona a casa ao redor da qual construiu sua vida, confiando seus filhos aos cuidados do marido. Começa a trabalhar em uma imobiliária e pela primeira vez ganha seu próprio dinheiro. Torna-se amiga de um jovem homossexual, Pablo, sensível e solitário como ela. Pouco a pouco, Leonor irá se reencontrar com seus filhos, e tentará recuperar as marcas perdidas de sua própria identidade.

CAMILA, de María Luisa Bemberg.

Camila, Argentina, 1984, 109 min., 16 anos.

Com Susú Pecoraro, Imanol Arias, Héctor Alterio, Elena Tasisto, Carlos Muñiz, Claudio Gallardou, Boris Rubaja, Mona Maris.

Camila O’Gorman, educada sob o severo sistema de uma família tradicional, no qual a virgindade e a dedicação às virtudes domésticas são um mandato, se apaixona pelo jovem jesuíta Ladislao Gutiérrez. O sacerdote desafia a disciplina da igreja e eles fogem juntos, sendo apanhados e fuzilados. O filme trabalha o vínculo entre desejo e política sob uma forma cinematográfica convencional (o melodrama) orientada por uma revisão crítica do drama histórico. Baseado em fatos reais ocorridos durante o governo do general Juan Manuel de Rosas, em meados do século XIX. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1985.

MISS MARY, de María Luisa Bemberg.

Miss Mary, Argentina, 1986, 102 min., 16 anos.

Com Julie Christie, Nacha Guevara, Eduardo Pavlovsky, Gerardo Romano, Iris Marga, Luisina Brando.

História de uma família-símbolo da oligarquia que, durante mais de 50 anos, manejou a Argentina como se fosse sua própria estância. Seus integrantes são surdos aos rumores de um mundo que vai mudando, indiferentes a tudo que não seja eles mesmos, e sonham um sonho do qual despertarão abruptamente com a chegada de Juan Domingo Perón ao poder. Esses acontecimentos, transcorridos entre 1938 e 1945, são recordados pela governanta inglesa Miss Mary. O filme é um documento vivo e comprometido que mostra a repressão dos sentimentos como reflexo de uma sociedade rígida e patriarcal, e também um contexto familiar hipócrita e autoritário, onde importam mais as convenções sociais que o amor. 

EU, A PIOR DE TODAS, de María Luisa Bemberg.

Yo, la peor de todas, Argentina, 1990 108 min., 14 anos.

Com Assumpta Serna, Dominique Sanda, Héctor Alterio, Lautaro Murúa, Graciela Araujo, Alberto Segado, Gerardo Romano, Franklin Caicedo, Hugo Soto.

Inspirado no ensaio As armadilhas da fé (Las trampas de la fe, 1982), de Octavio Paz, o filme narra os últimos anos de vida da célebre Sor Juana Inés de la Cruz, que aos 20 anos se trancou em um convento para poder estudar. Na época colonial, o México era fortemente custodiado pela Coroa Espanhola e pela Igreja Católica, dois poderes que, muitas vezes, se confrontavam. A vida de Sor Juana está marcada por essas duas forças: os vice-reis a protegem; a Igreja a desaprova por seu fervor poético e atrevimento teológico. Tampouco vê com bons olhos seus sonetos apaixonados dirigidos à vice-rainha. 

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