Thiago Carvalho, curador de literatura do CCSP, comenta sobre a literatura marginal na leitura do romance Capão Pecado, de Ferréz:
Capão Pecado é um romance do escritor Reginaldo Ferreira da Silva, mais conhecido como Ferréz. A partir dessa obra, o escritor aderiu ao nome atribuído aos seus escritos, revitalizando e tornando positivo o que poderia ter conotação negativa: Literatura Marginal. E é a partir dessa noção de marginália que precisamos ler Ferréz.
Ambientado no bairro do Capão Redondo, extremo sul da cidade de São Paulo, a história contada assume a perspectiva do sujeito periférico e é a partir dele que conhecemos os fatos narrados. A letra é dada na periferia e é para ela e para os seus direcionada. Não que os sujeitos de lugares, por assim dizer, mais centrais da metrópole não possam fruir da literatura de Ferréz; mas esses devem puxar uma cadeira, sentar bem no canto da sala, fechar a boca e manter ouvidos atentos, pois, como diz o outro poeta: “Só quem é de lá, sabe o que acontece”.