Qual foi a última vez que você leu uma de História em Quadrinhos?
Normalmente, somos introduzidos ao mundo literário a partir dos famosos HQs, que trazem um suporte visual a partir das ilustrações de cada enredo. Além de facilitar a leitura infantil, as HQs estimulam a criatividade, isso para todas as idades.
Mas isso não quer dizer que os adultos ficam de fora! Histórias em quadrinhos, como todas as histórias, são pensadas para diversos públicos (além dos clássicos gibis seriados, tem HQs únicas que contam histórias de terror, de romance, com abordagens mais lúdicas, mais cruas e até jornalísticas) e podem tratar de incontáveis temas. Por isso, certamente você encontrará uma história do seu gosto. Só não se esqueça de conferir a classificação indicativa!
Para celebrar o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, separamos alguns dos livros mais emprestados de 2024 da Gibiteca Henfil, que conta com mais de 10 mil títulos entre álbuns de quadrinhos, gibis, periódicos e livros sobre HQ.
Para quem gosta de romance adolescente e descobertas
Quem é dos anos 2000 vai se identificar rapidamente com a estética do álbum “Arlindo”, de ILUSTRALU. Arlindo é um garoto sonhador, que está buscando seu lugar no mundo. No interior do Rio Grande do Norte, ele tem uma vida cheia de aventuras, desde as primeiras paqueras até seus karaokês particulares no chuveiro ao som de Sandy & Júnior.
Assim como muita gente não aceita Arlindo do jeito que ele é, Charlie, o protagonista de “Heartstopper”, de Alice Oseman, enfrenta essa situação na escola. Charlie sofre bullying por ser assumidamente gay, mas encontra apoio em Nick, novo aluno na escola e que também se descobre ao se apaixonar por Charlie numa narrativa encantadora que foge de clichês. Uma história de amor leve que já fez muito sucesso nos streamings, mas vale a pena ser lida no formato original – os quadrinhos!
Outro livro que discute preconceitos de um jeito delicado e importante é “Jeremias: pele”, de Rafael Calça. A partir do primeiro personagem negro dos quadrinhos de Maurício de Souza, o desenhista Jefferson Costa reinterpreta com ousadia as primeiras experiências de racismo. O leitor é convidado a participar de uma história recheada de superação e aprendizado.
Para quem quer conhecer religião de um jeito diferente
“Buda” de Osamu Tezuka é um compilado de 8 volumes de álbuns de quadrinhos escritos de 1974 a 1984 que conta, com uma liberdade criativa e ficcional, a história da figura principal do budismo, filosofia que busca o fim do sofrimento e, consequentemente, caminha para a iluminação espiritual. Em sua jornada, o protagonista enfrenta situações do cotidiano ilustradas de forma divertida e descontraída pelo autor, Tezuka.
Para quem gosta de história mundial
Diante de movimentações políticas e sociais, há autores que conseguem retratar as dores do imigrante e outros marcos históricos em quadrinhos. “Palestina”, de Joe Sacco, usa traços intimidadores e intrigantes para representar 100 entrevistas com palestinos e judeus, realizadas no início dos anos 1990, durante suas diversas passagens na região da Faixa de Gaza e Cisjordânia.
Outro livro famoso que fala sobre imigrantes palestinos é “Persépolis”, de Marjane Satrapi. A autora franco-iraniana é conhecida por suas obras que retratam diferenças de costumes dentro e fora de sua cultura. Autobiográfico, o livro traz percepções de alguém que viveu no meio da revolução de 1979, em que se marcou um de muitos outros acontecimentos que impactaram a vida e a família da autora.
Dentre os mais visados na Gibiteca Henfil, está o indispensável “Maus”, de Art Spiegelman – “Ratos” em português. O título do livro já expressa o posicionamento do autor diante o período nazista e o Holocausto. Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, conta sua história ao filho Art. Nas páginas, o autor traz um relato incisivo e perturbador a partir das representações das personagens: os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. Uma obra prima que usa todos os recursos disponíveis no encontro de texto e imagem para criar uma leitura imersiva e tocante.
Para quem ama um toque de terror
A combinação de ficção e suspense é surpreendente nas histórias em quadrinhos. “Minha coisa favorita é monstro”, de Emil Ferris, possui desenhos à caneta esferográfica que impactam o leitor desde o início. Karen Reyes, cidadã de Chicago nos anos 1960, é uma garota de dez anos apaixonada por histórias de terror. Paralelo aos seus desenhos, em que se autorretrata como lobismoça, Karen tem a missão de desvendar o assassinato de sua vizinha Anka Silverberg, uma sobrevivente do Holocausto.
Para um terror mais introspectivo, temos “Talco de vidro”, de Marcello Quintanilha. O autor paulistano convoca Rosângela, dentista de Niterói que possui um casamento sólido. No entanto, algumas situações a fazem entrar em uma espiral de autodestruição e chega ao limite da imoralidade e do crime, compondo um belo thriller psicológico.
E por onde começar?
Descrevemos brevemente os enredos para mostrar que as histórias em quadrinhos abordam temas diversos e até inimagináveis aos nossos pensamentos, desde mangás e super heróis a livros com enredos mais do cotidiano. Você se identificou com algum deles?
Visite e leia todos esses títulos na nossa Gibiteca, que os disponibiliza para leituras locais e empréstimos. Você pode emprestar até 10 exemplares por vez!
Texto e pesquisa: Julia Ayumi Takeashi
Revisão: Isabela Pretti Nogueira
Fotografia: Artur Cunha e Carlos de Jesus
Agradecimentos: Equipe Gibiteca Henfil