A Sessão Vergueiro ao Ar Livre celebra a convivência, o acesso à cultura e o poder do cinema como ponto de encontro e reflexão
Por Fellipe Cartier | Redação CCSP | Fotos: Arquivo pessoal
A tela erguida no Jardim Suspenso para exibir o filme “Flow” é mesma que colheu múltiplos olhares: das cadeiras dispostas no gramado, do próprio chão verde, da plateia silenciosa, dos prédios ao redor que espiavam pelas janelas e até do primeiro piso do Centro Cultural São Paulo (CCSP). O filme é uma animação da Letônia, mas animado mesmo foi o propósito: maio é celebrado os 43 anos do CCSP e nada mais justo do que comemorar ao lado de amigos, pais, filhos, namorados e solitários (também preciosos). O dia é 17 de um mês em festa. O tempo – 17 minutos para que os ingressos se esgotassem.
“Não consegui ingresso. Tem como ficar sentada no gramado“? Perguntou Mariana Silveira, estudante de Biologia, a Alessandra Vieira, líder da portaria do CCSP. Acesso aceito, com direito a presente, até porque, o aniversário é do CCSP mas quem ganha é o público: a pipoca distribuída deu um toque mais doce aos olhos de quem viu e mais salgado para quem ficou de fora. Afinal, para quem não conseguiu um lugar ao céu, restou a janela (ou a tela) da imaginação ao que poderia ter sido visto, vivido, sentido. E o público sentiu, chorou, compartilhou e por vezes silenciou… entre choros contidos, trocas e cochichos, fez se presente. Uma experiência potente.

Um trabalho em conjunto, que começa antes mesmo da exibição, pois se mobilizam para que o munícipe sinta-se seguro e acolhido. Para que isso fosse possível às 20h, o que poucos sabem é que dezenas de colaboradores terceirizados e equipes de Gestão e Produção do Centro Cultural, já estavam organizando tudo desde às 9h da manhã. “Não existe cansaço quando tudo é feito com amor. Cada detalhe, cada escolha, cada esforço teve um propósito maior: tocar as pessoas. A melhor forma de agradecimento é ver o brilho nos olhos do público e sentir que a equipe de produção, juntamente, com a equipe da Zeladoria e a Curadoria de cinema, caminharam unidas, com entrega e propósito. É nesse encontro entre arte, dedicação e afeto que tudo faz sentido” , diz Kazuaki Shinjo, conhecido como “Kazu”, supervisor de produção do CCSP.
As falas de Kazu refletem esse sentimento quando comparado com o trabalho dos responsáveis pelo evento. Afinal, o sucesso dessa programação, nasce de dois curadores de Cinema, Célio Franceschet e Carlos Pegoraro. Também “(…) provando mais uma vez a qualidade do cinema brasileiro, levando em conta a alta procura do evento. Seguindo essa linha, o projeto não deixaria de celebrar o aniversário de 43 anos do Centro Cultural São Paulo“, justificam.
Há anos, ambos desenvolvem um projeto de formação de plateia exitoso, conquistando um público participativo, tanto físico, como virtual, resultando em mais de 15 mil seguidores no Instagram de @cinemaccsp. Ao proporcionar esse espaço de convivência livre, plural e diversos, o Centro Cultural São Paulo reforça a inclusão social, demonstra que a cultura é uma ferramenta poderosa para unir pessoas, promover o diálogo e valorizar a diversidade cultural.
Mais do que uma sessão e sim uma experiência, endossada pela diretora do CCSP: “Quando cheguei à gestão do Centro Cultural São Paulo, um dos nossos grandes desejos era aproximar ainda mais o público da experiência cinematográfica, levando o cinema para além das salas fechadas e criando momentos de encontro sob o céu da cidade” , disse Dandara Almeida.

Sessões ao ar livre: um movimento consolidado
A Sessão Vergueiro ao Ar Livre surgiu no ano passado como uma homenagem ao “Agosto Indígena”, trazendo à tela o poderoso filme “A Flor do Buriti”. Desde então, o projeto se consolidou como uma celebração audiovisual em datas especiais, levando o cinema para o espaço público de forma gratuita, democrática e envolvente. “Desde a primeira exibição, sentimos a potência desse formato. A resposta calorosa do público superou nossas expectativas e confirmou a importância de criar espaços acessíveis, abertos e afetivos para a cultura. Cada sessão virou um ponto de encontro, um espaço de troca, convivência e descoberta” , afirma Almeida. Ela estava certa!
Em 2025, a sessão ganhou um novo fôlego ao abrir o ano com uma programação especial ao assistir a duas exibições de grande sucesso: “Ainda Estou Aqui” e “O Auto da Compadecida 2”, reforçando o compromisso em promover encontros marcantes entre a arte, a cidade e seus moradores. “A opção de exibir o filme Flow, animação produzida por uma equipe reduzida da Letônia, na semana do aniversário foi certeira. Afinal, é um filme que fez história e comove as pessoas sem ter nenhuma linha de diálogo” , pontuam Célio e Carlos.
Essa escolha evidencia a força simbólica do propósito do evento: um filme sem diálogos, mas que comunica e que reforça o senso de comunidade. “Promover uma sessão com qualidade no jardim suspenso é um desafio que compramos para levar a oportunidade do público do CCSP de prestigiar o Cinema com a paisagem urbana de São Paulo como cenário. Muitas famílias e amigos puderam aproveitar o espaço que raramente é aberto no período noturno com um evento inédito. Esperamos que as próximas sessões sejam tão procuradas e especiais quanto esta” , concluem os curadores.
Veja na matéria como a curadoria de cinema realiza a formação de público!
O público em cartaz nos Cinemas do CCSP – Centro Cultural São Paulo
Para mais informações acesse o Instagram da curadoria de cinema