Área de Convivência vira um grande terreiro com bambas de todos os locais da cidade
Por Alexandre César | Redação CCSP | Fotos: Acervo pessoal
15/12/2025
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“Nem as chuvas e nem as tempestades” que caíram na Cidade durante a semana foram capazes de espantar o público no último sábado, durante o 3º Encontro Para a Velha Guarda – Bienal do Samba no Centro Cultural São Paulo (CCSP), que caiu no ritmo durante toda a tarde e início da noite do último sábado, 13.
Mais de 400 pessoas estiveram presentes na Área de Convivência e prestigiaram a apresentação de seis grupos de Samba de Raiz, dos mais variados estilos, como: Fundo de Quintal, Samba de Roda, Samba Canção, Samba de Gafieira, Samba de Breque, Samba de Côco e Samba Enredo.
Dentre os presentes, muitos vieram de outros Estados, assim como fluminenses residentes em São Paulo, e vindos do Rio de Janeiro, como foram os casos do advogado Fernando Pereira, de Botafogo, e do assistente administrativo Mateus Schuman, morador de Maria da Graça, que protagonizaram o Clássico dos Milhões entre Vasco da Gama e Flamengo, respectivamente. Dentro de um improvisado terreiro de Samba, mostraram que a rivalidade clubística pode ser sadia e divertida.
Bom, nós estamos acostumados, lá no Rio, a nos confraternizar e ter o nosso embate saudável nos pagodes da cidade. E aí, tendo essa oportunidade de encontrar com todo povo, não só de São Paulo, mas do Brasil, dos movimentos Sambas de Terreiro, sempre trajado de terno, alguns melhores vestidos do que outros, não é? – disse Fernando, torcedor do Gigante da Colina, numa leve provocação ao colega.
O importante é isso, trazer umas bandeiras para as outras praças, assim como o pessoal daqui quando vai lá, faz o mesmo jeito. Eu vim encontrar a rapaziada amiga do Samba daqui, representar o Flamengo. Vou encontrar vascaíno, corintiano, são-paulimo, santista, todo mundo, mas sempre representando o Flamengo muito bem em qualquer lugar. O maior campeão do Brasil – devolveu o rubro-negro Matheus.
Segundo os bambas que estiveram presentes, o importante da edição deste ano foi resgatar obras compostas num passado distante, dos quais alguns ficaram quase que perdidos no tempo, daqueles sambas que só quem é profundo conhecedor sabe cantar. Além de tudo, de reunir os amigos, familiares, e conhecer novas pessoas.
Cara, eu acho que é importante é a reunião, sabe? De reunir várias Rodas de Samba que realizam esse trabalho de pesquisa do Samba de Terreiro entre as décadas de 1920 e 1960 basicamente. A grande maioria é de Samba com histórias do Samba Carioca, então, tem um trabalho de pesquisa muito profundo sobre esse repertório, sobre as pessoas que construíram, das próprias Escolas de Samba onde tudo isso nasceu. Então acho que é extremamente importante esse evento, e precisamos continuar fortalecendo. Sabemos que o Samba possui outros espaços, e hoje está muito ligado ao entretenimento, mas o que fazemos aqui é mostrar que o Samba é o nosso modo de vida. Você percebe que há Sambas que falam de cotidiano, que falam de história do Brasil e do povo negro, da natureza, que acho que traz um aprendizado muito bom para quem está ambientado nisso, não é? Então, eu acho que é importante a gente se unir para nos fortalecer mesmo, um fortalecer o outro e a gente espalhar essa mensagem – argumentou Edinho Carvalho, do Samba de Terreiro de Mauá.
É de grande relevância participar de um evento como a Bienal do Samba, o terceiro encontro da Velha Guarda, o evento visa a preservação, a história do Samba Carioca. Nós nos preocupamos em fazer essa pesquisa porque o Samba do Rio de Janeiro acabou por influenciar todos os Estados em que se faz e toca Samba, assim como os sambistas de São Paulo – resumiu Michel Saci, do Terra Brasileira.
Para Rafael Lo Ré, organizador do evento, a pesquisa, o amor pela arte do Samba, e o carinho em fazer o melhor pela cultura popular é o que impulsiona todo este trabalho, inclusive para tentar resgatar o que pode parecer impossível: Sambas do passado que não foram gravados.
Olha, fizemos um grande trabalho de pesquisa, conseguimos Sambas com familiares desses grupos de rodas que têm mais de 20 anos de existência, com fontes preciosas, como discos de 78 rotações, em LPs antigos, fitas cassetes, e fitas de rolos com pesquisadores, além de livros e jornais. Estamos trazendo sambistas do passado que ficaram eternizados nos registros das gravações, e de uma iniciativa grandiosa, que é de Sambas muito antigos que nunca foram gravados, mas que nos chegaram através da oralidade, ou seja, das cantorias dos nossos ancestrais. Por isso a importância desse encontro, pois aqui reúne-se todas as rodas voltadas a esse trabalho de pesquisa e estamos aqui confraternizando e louvando os grandes sambistas do passado – finalizou Rafael Lo Ré.
Para saber mais da programação de dezembro, acesse o site do CCSP.


