Izzy Gordon e Carlos Casemiro endossam o ritmo brasileiro na Adoniran Barbosa

 

Por Alexandre César | Redação CCSP | Fotos: Nina Gocke

07/10/2025

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Em pleno dia de Nossa Senhora do Rosário, e de São Benedito, o Grupo Pastoras do Rosário fizeram a grande festa de inauguração do 1º Festival de Cultura Popular de São Paulo (FCP) na Sala Adoniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo (CCSP) na noite de terça-feira, 07.

Acompanhadas pelo Grupo Xequerês de Micaela e com as ilustres presenças de Izzy Gordon e de Carlos Casemiro, as Pastoras fizeram o público cair no Samba, num clima do chamado das raízes ancestrais, do pertencimento cultural, do sagrado pela simbologia da fé com o contraste do profano com as danças e músicas sensuais dos integrantes.

A apresentação iniciou com o desfile do Grupo Xequerês de Micaela, que entoaram cânticos ao som de bongôs e agbês, enquanto os músicos das Pastoras do Rosário tomavam assento na mesa postada no palco. Por fim, entraram as pastoras e o Samba começou com canções em homenagem a vários cantores e compositores, como Nelson Cavaquinho, Martinho da Vila, Clara Nunes, Alcione, e outros.

Inicialmente, o show iria acontecer ao ar livre, mas com a garoa que iniciou no fim da tarde na Capital Paulista, a equipe de produção do CCSP correu para aprontar tudo na Sala Adoniran Barbosa em tempo recorde, o que foi prontamente agradecido pelo líder do grupo, Renato Gama. Mesmo assim, trovões foram ‘ouvidos’ dentro do espaço da Adoniran, quando os convidados Izzy Gordon, madrinha das Pastoras, e o Rei da Festa, Carlos Casemiro, soltaram a voz, para delírio dos presentes.

Olha, sou madrinha e muito amiga das Pastoras do Rosário, de toda essa gente. Nós chamamos esse relacionamento de aquilombamento cultural, e é uma honra. O convite aconteceu de forma natural, não é chegar e ser uma madrinha, não, pois isso vem pela amizade, pela troca, a gente foi se fortalecendo. A gente foi se chegando e criamos todo esse afeto junto com a música, com a nossa cultura – disse Izzy Gordon.

Ao contrário dos reis do Maracatu Nação ou de Baque Virado, do Nordeste, os Reis de Festa da cultura do Samba de São Paulo são eleitos a cada Carnaval, como narrou Carlos Casemiro.

É uma alegria muito grande estar presente num festejo desses. Eu fui o segundo Rei de Festa da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, da Penha de França (Zona Leste de São Paulo). Lá, eu também carrego uma herança dos meus avós. Hoje, essa ancestralidade toda, da cultura, do trabalho, estão presentes nesta noite. Meus avós, eles vieram, ficaram 50 anos lá na igreja. Só que esse reinado é de Festa e não do Congo, que é essa tradição de família que o pai passa pro filho, pro neto, não é? Então, cada ano é eleito um rei e uma rainha que vai promover toda a divulgação da cultura e da organização da festa do próximo ano. Então, a gente carrega toda essa tradição, porque a gente não pode deixar morrer – salientou.

Para falar de tradição e a continuação de uma cultura secular, Renato Gama fala da história do grupo e a sua perpetuação.

Hoje foi um dia mais do que especial, nos apresentamos no dia de Nossa Senhora do Rosário. E a gente trouxe o Rosário dos Homens Pretos da Penha de França para cá. A questão não é fazer arte do mês inteiro, a questão é mostrar como nós somos criados e as canções que nos identificamos, não é? Somos a cultura que nos forma, nós batucamos aquilo que a gente é. Então, isso promove a cura, a celebração e a emancipação das nossas consciências. Nós estamos numa luta para não perdermos a formação de uma comunidade. A única coisa que vai curar as crianças e nós mesmos é a comunidade. Então a gente precisa trazer as crianças para mais perto, para batucar, para cantar juntos, para ouvir as histórias que a gente viveu, porque só assim a gente vai salvar o pouco ainda que a gente tem da natureza humana – sentenciou Renato Gama.

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