Cada vez mais adeptos procuram o espaço para aprender os ritmos latinos
Por Alexandre César | Redação CCSP | Fotos: Acervo pessoal
20/10/2025
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No último domingo, 19, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) foi palco do Movimento Tango na Rua, um workshop para professores e aprendizes de Tango e Milonga, sob a direção de vários mestres desses ritmos latinos. A iniciativa faz parte do programa Tango e Milonga, que acontece todas as quartas-feiras, na Sala Adoniran Barbosa, das 12 às 13h30, até o dia 25 de novembro.
Mais de 50 casais de todas as idades e regiões do Brasil estiveram presentes para assistir às palestras e cursos, e aproveitaram para praticar movimentos, assim como conhecer um pouco mais da História do Tango e de um dos ritmos que lhe deu origem, a Milonga. Num cenário envolvente e sensual de que lhe é peculiar, muchas damas e caballeros bailaram como se fossem profissionais, enquanto outros esforçavam-se para acompanhar os compassos, o ritmo, a respiração e a música.
Muito se pensa e fala na Argentina quando trata-se do Tango, mas, suas remotas e quase desconhecidas origens têm muitas vertentes, épocas e fontes que nem sempre são conhecidas. No entanto, sabe-se que além da Habanera, a própria Milonga, uma das origens do Tango vem de uma dança pouco conhecida e de origem ainda mais misteriosa, o Tángano. Mas, além do já famoso Tango Argentino, sua música e dança também têm suas raízes fincadas no Uruguai e no Brasil.
E em falando em Brasil, Milonga é uma palavra que possui muitos significados, tais como: malandragem, swing, enganador, driblador… e até na cultura popular já vimos essa palavra, quem não lembra do seriado Chaves, no episódio Chaves, o Toureiro? Quando Seu Madruga relembra de sua época de Toureiro quando disse que era o Rei da Muleta, e que lhe chamavam de ‘Hurro, o Milongueiro’, daí que a Dona Florinda responde “Pois agora parece um burro e um minhoqueiro”.
Mas, e na dança e na música, qual a diferença entre Milonga e Tango? Essa é uma dúvida que a professora de Tango, Juliana Maggioli, nos esclarece.
A Milonga é um ritmo, um gênero musical que precede o Tango, data do final do século XIX, mas também é o nome que a gente dá aos bailes de Tango, como quando a gente diz vai ao Forró. Com relação à dança e à música, comparado ao Tango, a Milonga é muito mais rítmica, e com o ritmo que permanece muito mais constante do começo ao fim. Diferente do Tango, onde já é permitido partes mais melódicas, até ausência de ritmo em alguns momentos, a Milonga costuma ser um pouco mais rápida e com movimentos mais repetitivos. A Milonga tem uma origem do Rio da Prata, desde Argentina e Uruguai, até nos Pampas Gaúchos do Brasil. Vale dizer, também, que com a evolução do Tango, dos anos de 30 a 50 anos, a Milonga ganhou uma outra característica lá na bacia do Rio da Prata, em Buenos Aires, com uma característica mais ligada à cidade, se afastando um pouquinho do campo e dessa característica gaúcha. Por isso, que a gente conhece, lá na Argentina, dois tipos de Milonga, a da cidade e a campeira – afirmou a professora.
Durante a aula, percebemos um casal que dançava animadamente, e que por coincidência, a supervisora comercial taiwanesa Yuwen Huang, é uma das organizadoras do evento. Já o seu par era o cientista de Dados, José Nascimento, vindo da Bahia, que a conheceu num curso de Forró.
A ideia do evento surgiu da oportunidade, partindo do edital do próprio Centro Cultural São Paulo, como teve o Abril pra Dança e muitos outros festivais, e eu acho que Tango é um dos ritmos latinos mais importantes, somando-se a outros latinos e brasileiros. O Tango faz parte do âmbito mundial da Dança, assim, de visibilidade, e é um ritmo muito bonito, muito profundo, muito visceral ao mesmo tempo. O convite do CCSP para o movimento Tango nas Ruas é uma inciativa de ocupar a cidade, de usufruir esse espaço cultural. Além de todo âmbito cultural, a Dança, o Tango servem como uma fonte de lazer e diversão – ponderou Yuwen Huang.
Mas para José Nascimento, o Tango veio como um desafio a ser superado após dominar os passos do Forró.
Eu comecei a dançar Forró, porque na Bahia a gente ouve muito, então desde criancinha já ouvia e sentia vontade de dançar. A primeira vez que eu vi o Forró eu me apaixonei completamente pelo som, pela música, pelo ritmo. Daí quando eu vim para São Paulo em 2016, comecei a frequentar outros lugares de dança e aí eu, quando você começa a aprender um ritmo, dá vontade de aprender um pouco dos outros. E aí surgiu o Tango como uma possibilidade, ainda danço mal, mas acho super divertido e fácil o ambiente. A gente pensa que existe apenas a lógica da paixão por um estilo de Dança, como o Blues, o Forró, mas a maior lógica é a socialização, andar com as pessoas, trocar ideias, estar bem no ambiente e ter uma diversão, onde você consegue desligar um pouco do mundo lá fora. Esse é um dos motivos por eu gostar tanto da dança – avaliou José Nascimento.
Acesse a programação do mês de outubro no site do CCSP.


