Carlos Gabriel Pegoraro e Célio Franceschet, curadores de cinema do CCSP, comentam sobre as “cinesemanas”, as programações semanais das salas de cinema, e trazem sugestões de como você pode entrar nessa rotina mesmo de casa.
Uma cinesemana em casa
Com mais tempo disponível para consumo de entretenimento, os fãs do cinema podem se perder no verdadeiro mar de possibilidades em cada plataforma de streaming. Vem a saudade das salas de cinema, das suas curadorias, e suas programações semanais, cuidadosamente organizadas: o espectador tinha uma relação de confiança com a seleção dessas instituições, chegando a se aventurar numa sessão sem saber nada sobre o filme.
Essa organização semanal da programação (a cinesemana) encantava e atraía o público pouco antes do encerramento das sessões de cinema em função da quarentena. Mas não tem porque abrir mão dessa rotina: algumas distribuidoras e redes de exibição encontraram uma maneira de continuar as cinesemanas, alimentando continuamente uma programação em seus sites. Os filmes ficam em “cartaz” durante sete dias, de forma totalmente acessível, gratuita e com legenda.
Este é o momento para aproveitar o tempo livre e se permitir conhecer tanto clássicos quanto filmes contemporâneos – que raramente estão disponíveis em streaming.
Vale conferir a distribuidora Zeta Filmes, que vem liberando acesso semanal e gratuito a um filme de seu catálogo. O link e a senha para acessar a plataforma ficam disponíveis na descrição de sua página oficial do Instagram. Hoje, por exemplo, está em cartaz o filme Caverna dos Sonhos Esquecidos, de Werner Herzog.
Uma medida parecida está sendo tomada pela rede de cinemas portuguesa Medeia Filmes, que disponibiliza um novo título a cada três dias direto do site. Entra em cartaz dia 30 o filme O Rei das Rosas, de Werner Schroeter.
FILMES
“Caverna dos Sonhos Esquecidos”, de Werner Herzog
[Cave Of Forgotten Dreams, França/Canadá/EUA/Reino Unido/Alemanha, 2010, 90min]
Um lugar extraordinário e desconhecido é revelado, pela primeira vez, pelo diretor alemão Werner Herzog. A Caverna de Chauvet, no sul da França, um dos mais importantes sítios de arte pré-histórica do mundo, reúne as mais antigas criações pictóricas da humanidade. Herzog capta a beleza dos desenhos e o admirável interior da caverna, lugar onde apenas alguns cientistas têm permissão para entrar. Descoberta apenas em 1994, Chauvet guarda centenas de pinturas rupestres intocadas que retratam espécies diferentes, incluindo cavalos, bois, leões, ursos e rinocerontes, que remontam a mais de 30.000 anos. Caverna dos Sonhos Esquecidos revela um dos mais inspiradores locais da Terra.
“O Rei das Rosas”, de Werner Schroeter
[Der Rosenkönig, Portugal/Alemanha/França, 1986, 106min]
com: Mostefa Djadjam, Magdalena Montezuma, Antonio Orlando
O Rei das Rosas nasceu graças à Magdalena Montezuma – é o último filme em que aparece. Ela e Werner Schroeter escreveram a sinopse do filme, história em sua forma mais simples e linear: a mãe, o filho, as rosas e a relação de posse, de domínio, entre as personagens.