15/10 a 15/11
- No CCSPlay
- Classificação Indicativa: 14 anos
- Grátis
Um astuto observador do comportamento humano, o diretor sueco Ruben Östlund é hoje parte de um seleto grupo de diretores com duas Palmas de Ouro do Festival de Cannes, com a última conquistada recentemente, na edição de 2022, se tornando então um dos nomes mais distintos e interessantes do cinema mundial, atualmente. O diretor divide a opinião de críticos e cinéfilos com filmes inteligentes, que analisam a condição humana num viés satírico e sociológico; e ainda que essa mistura não pareça possível, Östlund as disseca, criando, como ninguém, situações absurdas e desconfortáveis, que oscilam entre a comédia e o suspense.
Comparado a um Hitchcock moderno e cáustico, injetado com o Bergman existencialista de Persona, o diretor ganhou reconhecimento com o seu filme Força Maior, em 2014, até ganhar a sua primeira Palma de Ouro com The Square – O Jogo da Discórdia, e finalmente, repetir o feito com o seu último filme, ainda inédito, Triângulo da Loucura.
Em setembro, o CCSPlay traz uma retrospectiva completa do diretor e de seus retratos da burguesia ocidental, com uma incisiva desconstrução de egos e privilégios através de suas elegantes provocações, que em suas palavras é: para “fazer o público tomar uma posição moral por conta própria.”
Confira as sinopses dos filmes:
The Square – O Jogo da Discórdia, de Ruben Östlund
The Square, Suécia, 2018, 142 min, 14 anos
Elenco: Claes Bang, Elisabeth Moss, Dominic West
Um gerente de museu está usando de todas as armas possíveis para promover o sucesso de uma nova instalação. Entre as tentativas para isso, ele decide contratar uma empresa de relações públicas para fazer barulho em torno do assunto na mídia em geral. Mas, inesperadamente, isso acaba gerando diversas consequências infelizes e um grande embaraço.
Sobre o filme: Retratando o cenário hype, comercial e egótico que impulsiona a cena da arte moderna nas grandes capitais do mundo, The Square é quase perfeito em sua simplicidade astuta. O mundo da arte sempre foi fácil de retratar, com sua beleza estética, esquisitices e os jogos frustrantes de retórica e superlativos. Mas raramente essas ideias foram tão bem satirizadas e num invólucro tão belo quanto neste filme. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2017 e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Força Maior, de Ruben Östlund
Force Majeure, Suécia, 2015, 118 min, 12 anos
Elenco: Johannes Kuhnke, Lisa Loven Kongsli, Clara Wettergren
Em Força Maior, uma família sueca passa as férias nos Alpes para esquiar. Eles ouvem um estrondo, que poderia ser um alerta de avalanche. Mas o pai não acredita na possibilidade de perigo. Enquanto comem, são surpreendidos pela avalanche. O pai reage com covardia, o que fará com que ele seja perseguido pelos seus erros até o fim de sua vida.
Sobre o filme: À medida que a crescente rinha entre o casal de protagonistas expõe os papéis de gênero e classe às quais estão submetidos e que fundamentam seu casamento, Força Maior se transforma em uma mordaz crítica da masculinidade moderna, dos papéis tradicionais da família e, possivelmente, da própria instituição do casamento. Vencedor do Un Certain Regard em Cannes 2014.
Play, de Ruben Östlund
Suécia – França, 2011, 118 min, 14 anos
Elenco: Yannick Diakité, Anas Abdirahman, Sebastian Blyckert
Uma observação astuta baseada em casos reais de bullying. No centro de Gotemburgo, Suécia, um grupo de meninos, de 12 a 14 anos, roubou outras crianças em cerca de 40 ocasiões entre 2006 e 2008. Os ladrões usaram um esquema elaborado chamado de ‘número do irmão mais novo’ ou ‘truque do irmão’, envolvendo uma atuação elaborada e retórica de gangue, em vez de violência física.
Sobre o filme: É dos raros filmes contemporâneos que conseguem ser tão majestosamente rigorosos em sua forma quanto em suas interrogações temáticas. Vencedor do Coup de Cour no festival de Cannes 2011.
Sem Querer, de Ruben Östlund
De Ofrivilliga, Suécia – França, 98 min, 2008, 16 anos
Elenco: Linnea Cart-Lamy, Vilmar Bjorkman, Sara Eriksson
É quase verão na Suécia, proliferam indiscrições e más condutas. Um garoto gosta de se exibir para seus amigos e faz brincadeiras obscenas, enquanto duas adolescentes gostam de posar para fotos sexies e dar festas. Porém, uma noite, no parque, um estranho encontra uma das garotas desmaiada pelo excesso de bebida. A virtuosa professora da escola fundamental não sabe como impor limites: ela insiste que seus colegas professores necessitam de alguma orientação.
Sobre o filme: Sem Querer não simplifica suas histórias em um único ponto de vista ou ideia; em vez disso, Östlund apenas recorta, ou quase documenta, esses momentos de alta pressão em que a cultura sueca desgasta e trai a ideia ultra civilizada de si mesma.
The Guitar Mongoloid, de Ruben Östlund
Gitarrmongot, Suécia, 2004, 89 min, 12 anos
Elenco: Mikael Allu, Erik Rutström, Julia Persdotter, Ola Sandstig
O filme fala sobre diferentes pessoas vivendo fora das normas sociais na cidade fictícia de Jöteborg, muito parecida com a cidade real de Göteborg. Apesar de não ser um documentário, a maioria dos atores do filme são amadores e mais ou menos interpretam a si mesmos.
Sobre o filme: Um dos filmes suecos mais estranhos da atualidade, uma espécie de resposta sueca ao Dogma 95, “The Guitar Mongoloid” tem todos os ingredientes de um clássico cult: a descrição sombria, mas também bem-humorada, de uma sociedade com pessoas solitárias e explosões repentinas de violência.
Incident by a bank, de Ruben Östlund
Händelse Vid Bank, Suécia, 2010, 12 min, 12 anos
O curta-metragem é um relato detalhado de um assalto a banco fracassado: uma única tomada em que mais de 90 pessoas executam uma coreografia meticulosa para a câmera. O filme recria um evento real que ocorreu em Estocolmo em junho de 2006.
Sobre o filme: Uma das coisas maravilhosas sobre o curta é que ele é diabolicamente inteligente em sua execução. Embora o filme pareça ser um simples conto cômico de um roubo que deu errado, sua construção é muito mais complicada. Ruben Östlund não apenas reconstrói o incidente ocorrido em Estocolmo em 2006, mas o faz em uma única tomada, cheia de camadas e pontos de atenção.
Autobiographical Scene Number 6882, de Ruben Östlund
Scen nr: 6882 ur mitt liv, Suécia, 2005, 9 min
Um homem de 30 anos está comemorando a véspera do solstício de verão junto com amigos na costa oeste da Suécia. Ele faz seus amigos virem e assistirem enquanto ele vai pular no mar de uma ponte muito alta.
Sobre o filme: Frio e sem pressa, filmado inteiramente em widescreen – não vemos nada além de movimentos do corpo. É através desse estilo distanciado que Östlund mostra o absurdo de nossa própria compulsão em construir significados e justificativas para nossas ações.