24/09
- Domingo, às 15h
- Sala Lima Barreto
- Classificação indicativa: 16 anos
- Grátis
- Retirada de ingressos 1 hora antes na bilheteria
- É recomendado o uso de máscara
Brasília chamou a atenção de cineastas desde sua construção nos anos 1950. Podemos destacar duas vertentes de produção imagética da cidade modernista. Em primeiro lugar, encontramos imagens que reproduzem o ponto de vista do poder e do progresso num tom propagandístico da nova capital federal e sua utopia modernista, como é o caso das imagens de Jean Manzon e Fernando Cony Campos. Perspectivas críticas de Brasília surgem em documentários do Cinema Novo, gesto que se desdobrou na obra de Vladimir Carvalho. São filmes que procuram escutar as vozes dos trabalhadores que construíram a cidade e foram expulsos para o que se tornou a periferia de Brasília, por exemplo Ceilândia. No século XXI surgiu no Brasil um novo cinema autoral com forte participação de cineastas de Brasília e Ceilândia. No entanto, a tradição crítica da filmografia do DF é variada em termos estilísticos, o que nos provocou a organizar uma configuração de filmes contemporâneos que nos convidam à uma dança entre suas semelhanças e dissonâncias. Este programa apresenta uma constelação de curtas-metragens dos subterrâneos de Brasília e Ceilândia: “o entorno nos espera” (trecho de poema de Adirley Queirós na cartela final de A cidade é uma só?, 2011).
Sobre o Circuito Spcine:
Criado em 2016, o Circuito Spcine é a rede de salas de cinema da Prefeitura de São Paulo. Com o objetivo de democratizar o acesso ao entretenimento audiovisual, o projeto possui salas de cinema em todas as regiões da capital paulista, preferencialmente em bairros não atendidos pelas salas comerciais.
Com mais de 1,7 milhões de espectadores desde o início do projeto, o Circuito Spcine é a maior rede de salas públicas de cinema do Brasil e uma das mais importantes da América Latina.
Para ter acesso à programação completa do Circuito Spcine, acesse: https://www.circuitospcine.com.br/
FILMES
Imagens de acesso, de Gu da Cei
2’
Dados biométricos do transporte coletivo do DF adquiridos via Lei de Acesso à Informação são arrebatados em advertência acerca dos processos de ocupação da cidade, vigilância e corpos em trânsito. Um artista monitorado entre Ceilândia e a capital federal.
Sacris Pulso, de Ana Vaz
15’
SACRIS PULSO parte do desmembramento de outro filme, BRASILIÁRIOS. Esta obra é uma interpretação da crônica Brasília de Clarice Lispector e sua visão da capital modernista, ao mesmo tempo que marca o encontro de minha mãe, interpretando Lispector, e meu pai, compositor da trilha sonora do filme. Através da justaposição de BRASILIÁRIOS com uma série de arquivos remontados, o filme assume a forma de uma viagem de rememoração e imaginação, de um tempo passado e futuro sonhado entre materiais pessoais e recolhidos, entre memória e ficção.
O gigante nunca dorme, de Dácia Ibiapina
15’
Está filme reconhece a importância política das manifestações de junho de 2013 e faz um “download” na memória política do DF para lembrar as jornadas de luta do Movimento Passe Livre (MPL/DF), em 2005 e 2006, por melhorias na mobilidade urbana e no transporte público do DF, bem como contra o aumento das passagens no transporte público do DF.
Juca, de Maurício Chades
29’
Será que Juca tá vindo? Em uma noite de lua cheia, um grupo de amigos precisa pedalar para longe das luzes da cidade em busca de um lugar escuro o suficiente para assistir a uma chuva de meteoros. Em JUCA, os objetos luminosos indicam a cidade e é disso que fogem as personagens.
Nos meus primeiros anos no Urubu, fiz caminhadas e pedalei à noite, fotografando ou não, às vezes acompanhado de algum amigo ou amiga, às vezes com Sputinik, cachorro já falecido, e várias vezes sozinho. Quando conheci Juca, me encantei por poder compartilhar com alguém o mesmo objetivo de pedalar e fotografar à noite, o que nos motivou a fundar o Pedal da Lua Cheia, em que nos juntamos a cada mês para passeios pela região, em meio à vegetação do cerrado, guiados pela luz da lua e sem o auxílio de iluminação artificial. Nossas pupilas dilatam e conseguimos ver. O pedal e Juca me proporcionaram percorrer mais e mais a superfície da região, não só do Córrego do Urubu, mas por trilhas no Taquari, Jerivá, Palha e outros núcleos rurais da Serrinha do Paranoá. Com os espaços novos percorridos, novos personagens surgiam. Pâmela, Will e Fernanda, amigos de infância de Juca, ingressavam nos pedais noturnos, sem que soubéssemos que em dois anos estaríamos filmando um curta-metragem no qual pude treiná-los a performar situações ficcionais inspiradas em nossas aventuras.
Caminho sem rumo, de João Golin
7’
Caminho sem Rumo é um filme não narrativo realizado com imagens de Brasília. Centenas de fotografias animadas, buscando o movimento que as imagens da cidade tornam possíveis. O filme possui uma trilha sonora composta majoritariamente por ruídos, que dialoga com essa proposta de criar poesia com o real.
Prometa jamais se calar de repente, pequeno aparelho de rádio, de Xavier Braun
7’
Um curta metragem sobre a queda das mídias que outrora reformularam a vida social; elevadas momentaneamente ao ápice da tecnologia e da adaptabilidade humana, e eventualmente substituídas pela sofisticação constante da máquina. A degradação de uma fita magnética de vídeo é conduzida pela reverberação das vozes que, ao ecoar nas ondas de rádio, veneram mitos derrotados – a potência de postes velhos que lutam contra o fim da validade, um titã afugentado que não tarda virar sucata.
Plutão não é tão longe daqui, de Augusto Borges e Nathalya Brum
16’
Rian é um jovem periférico que assim como vários outros, cresceu em uma família conturbada e foi abandonado cedo por seu irmão mais velho, Pigarro, que foi forçado a fugir para Plutão, uma nova favela criada às margens de Ceilândia para abrigar opositores, ditos pelo governo como “subversivos”.
Entre parentes, de Tiago de Aragão
28’
Um ano após o impeachment presidencial, Brasília recebe a maior mobilização indígena durante a 14ª edição do Acampamento Terra Livre, no final de abril. Enquanto isso, na mesma Esplanada dos Ministérios que abriga barracas de povos indígenas de todo o Brasil, parlamentares articulam uma agenda de retrocessos à causa indígena. Os parentes não deixarão de lutar.
CONVIDADOS:
André Manfrim
André Manfrim é diretor, produtor e pesquisador. É mestre e bacharel em Audiovisual pela ECA USP, e bacharel em História pela FFLCH USP. Dirigiu o curta Retratos de Piratininga, o longa-metragem Imagens da rua em três atos (com Clara Bastos) e a série televisiva Habitação Social – Projetos de um Brasil. Pesquisa as interações em cinema, história e questões urbanas.
Kino Lopes
Musicista de Brasília formado em Composição Musical na Universidade de Brasilia e mestrando em Música da USP. Apresentou-se como solista, compositor, arranjador e improvisador junto a grupos de diversas formações, como orquestras de câmara, e big bands. Desde 2017 participou de treze álbuns lançados, como também foi compositor das trilhas sonoras de três produções do diretor, também brasiliense, Xavier Braun (Jurupari, Conto de Caos no Império dos Sonhos e CHUMBO). Foi bolsista no Musitec 2 – 2o seminário de música e tecnologia: invenção musical e ambientes de programação, com o projeto “O Espaço Ecoa” (2020). Realizou a palestra “Space ecoes like an immense tomb: an ecological approach towards telematic improvisation” com Bruno Cunha no Simpósio internacional Open Wide organizado pela FMT society de 2021. É junto a Edgard Felipe, fundador da gravadora e selo Dobradiça Enferrujada Discos, discutida no último livro “Uncommon Music For the Common Man” do fundador do grupo britânico “AMM”, Edwin Prévost. Orientou, em 2022, o “Laboratório teórico e prático de improvisação livre”, organizado pela LICRID – UFRJ. É proponente e apresentador do programa “Dobradiça Entrevista”, contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Atualmente traduz e escreve juntamente a Daniel Pitta o prefácio de “No Sound Is Innocent” (Nenhum Som é Inocente), também de Prévost, a ser publicado pela Numa Editora.