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Gabriel Leão fala sobre o que é e como funciona uma feira de arte visual impressa

Até o dia 28 de outubro estão abertas as inscrições para expositores que desejem participar da Feira Folhetaria de Arte Impressa! O evento acontece entre os dias 10 e 11 de dezembro, no Centro Cultural São Paulo, e pretende reunir artistas de diferentes segmentos dentro das artes visuais. 

Para entendermos melhor o que é uma feira de arte visual impressa, como elas funcionam e qual sua importância, conversamos com o artista visual Gabriel Leão, responsável pela arte gráfica de divulgação da feira, e também pelas oficinas de Lambe-Gravura, que acontecem até o dia 06/12, na Folhetaria do CCSP.

Tessi Ferreia

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Oi, Gabriel! Vamos começar do começo: o que são feiras independentes de arte visual impressa? Como elas funcionam?

Gabriel Leão

ENTREVISTADO

O nome feira já exemplifica bastante, é realmente uma feira. Cada artista vai ter sua mesa com seus trabalhos expostos e as pessoas vão passando e olhando, “metendo” a mão mesmo. A ideia é que as pessoas folheiem seus trabalhos, olhem e sintam também, porque o trabalho impresso utiliza vários tipos de papéis, várias gramaturas, então é interessante as pessoas sentirem e olharem de perto. É como se fosse uma feira livre, a ideia é essa. Os artistas independentes, a grande maioria, trabalham por si só, com seus próprios trampos, sem galeria nem representação. Então a feira é excelente pra esse tipo de artista, pra fazer contatos, ver o que está sendo produzido. Então é super importante, aqui na oficina eu tenho incentivado bastante os alunos a irem ver outras feiras antes de fazer aqui. Os alunos que produziram o suficiente, que têm um material, vão expor na feira, então a ideia é que eles conheçam outras também.

Tessi Ferreia

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Qual a importância desses eventos para os artistas, para a sociedade e para os espaços onde elas acontecem?

Gabriel Leão

ENTREVISTADo

No geral é espalhar arte e cultura. As pessoas às vezes chegam desavisadas que está tendo a feira, muita gente vem pra ver a feira em si, mas como é um espaço grande, um centro cultural, acontece muito de pessoas aleatórias passarem e se encantarem com algum trabalho. Acabam levando ou não, às vezes só trocam uma ideia, e é sempre uma coisa muito acessível, os próprios artistas que produziram os trabalhos estão ali vendendo, então não é um terceiro vendendo o seu trabalho. Aí você explica a técnica, explica como que você fez, porque daquela imagem, daquela situação, etc. Pro CCSP acho essencial, quanto mais tiver, melhor! Isso traz público que acaba “consumindo” outras áreas do Centro Cultural. 

[A importância] Para quem participa vendendo, é uma ótima oportunidade de fazer dinheiro, levantar uma grana, e pra quem vem de fora, pra conhecer. Muita gente que vem pra feira são artistas que queriam participar e por algum motivo não puderam, não conseguiram, então é sempre essa troca, sempre muito legal, as feiras de arte impressa são incríveis. 

Tessi Ferreia

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Como é o dia de quem participa de uma feira como expositor?

Gabriel Leão

ENTREVISTADO

A gente vê pelo ateliê mesmo, se você passar aqui [Folhetaria Ateliê Público do CCSP] uma semana antes da feira vai estar abarrotado de gente, porque a galera vai produzindo aos poucos, pras ocasiões, pra fazer vendas, mas quando vai se aproximando da feira sempre tem os atrasados que vão chegando, então isso aqui fica uma loucura. Além dos trabalhos a gente tem outros cuidados, fazer cartão, fazer embalagem, normalmente a gente faz tudo, pra cortar custos e pra ter nossa cara também, às vezes compra algum tipo de coisa, mas precisa ter toda uma preparação. A sua mesa, seu espaço de venda precisa estar interessante pras pessoas chegarem e olharem. Não pode ser uma coisa jogada, normalmente artista tem essa visão pra chamar o público. 

Tessi Ferreia

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Vai para além da obra em si, é um movimento de imprimir sua assinatura como artista, né? 

Gabriel Leão

ENTREVISTADO

Total, você precisa levar outras coisas também que interessem ao público, algumas coisas já na moldura, você vende com a moldura, assim a pessoa chega em casa e já coloca. Normalmente eu trago pensando nisso. Então é uma produção pra além da obra de arte em si, da arte impressa, tem outros vários rolês pra trazer pra feira.

Tessi Ferreia

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Os alunos da oficina têm usado o espaço da Folhetaria para produzir coisas para a feira? 

Gabriel Leão

ENTREVISTADo

O incentivo é justamente esse, bora produzir! Tem uma galera que tá vindo desde o início, quase toda terça-feira, então já está com uma produção boa pra vender, um ou outro tem menos coisas, mas mesmo assim vai participar, o importante é ter a experiência de participar, vendendo ou não, isso acontece, com artista e não artista, faz parte, às vezes não vender, às vezes vender muito, é natural. Eu falei isso pra galera não se frustrar, não desistam, é isso. E tá todo mundo bem animado! A grande maioria que vai participar nunca participou de feiras, todo mundo iniciante, com trabalhos maravilhosos, gente que tá voando.

Tessi Ferreia

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Que demais! Por fim, você gostaria de acrescentar algo? 

Gabriel Leão

ENTREVISTAD0

Quem puder participar, se inscreva, e quem não se inscrever venha ver os artistas, vai ter muita gente legal, não só os artistas da Folhetaria, mas outros que vêm de fora. Arte impressa é um mundo, tem muita coisa: gravura em metal, xilogravura, serigrafia. Cada vez a gente descobre mais um jeito de fazer arte impressa, então tem muita coisa pra ver na feira, só chegar. 

Entrevista e edição: Tessi Ferreira
Revisão: Isabela Pretti 
Entrevistado: Gabriel Leão

Fotos: João Silva

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