Sala Jardel Filho teve casa praticamente lotada em todas as apresentações
Por Alexandre César | Redação CCSP | Fotos: Steffany Lima
18/11/2025
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A Companhia de Dança Sansacroma apresentou o espetáculo Carvão, na Sala Jardel Filho, no Centro Cultural São Paulo (CCSP) como parte do calendário em homenagem ao mês da Consciência Negra. A apresentação esteve em cartaz entre 13 e 16 de novembro, com a casa sempre cheia, e com o público de ‘braços doendo’ de tanto bater palmas.
Com o olhar voltado para várias épocas em que figuras proeminentes da cultura negra destacaram-se em nas artes, história, filosofia, moda e de pensamento, os dançarinos mostraram, com relatos, apresentações de canto e de expressão corporal. O ambiente cênico ressaltou o Amor Negro como símbolo de resistência ao racismo, à desumanização, e de negação às práticas de deslegitimar os corpos negros, seu modo de ser desde a época do Brasil Colonial.
O espetáculo Carvão surge numa necessidade nossa da companhia, de abordar um tema que é muito urgente e que é pouco explorado no caminho da cena, no caminho até das nossas discussões políticas, sociais, filosóficas, que é narrativa de amor negro. A gente vinha de uma trajetória de falar sobre genocídio da população negra, de saúde mental e a gente sabe que a questão das narrativas de amor une com essas outras questões, não é? Esse era um tema urgente para nós, enquanto companhia, se lançar nessa empreitada, que tem sido muito interessante, muito importante para nós, tanto de forma individual, mas também de forma de coletivo, que é pensar essas diversas camadas e provocar o público a refletir sobre isso também. A gente tem uma metodologia que é a Dança, da indignação, e os trabalhos da Sansacroma tem muito a ver com essa relação de arte e vida e vida e arte. Então, tem muita coisa do elenco, muita coisa que tá ali é do elenco que eu, como diretora coreográfica, vou organizando, vou sistematizando e transformando isso nessa dramaturgia que o público assistiu. O Dia da Consciência Negra é um dia de reflexão, mas um dia de provocação, também. É, de celebrar, lógico, aos que vieram antes, mas de como a gente pode, a partir disso, criar estratégias coletivas, criar estratégias de autocuidado para a gente conseguir sobreviver a esse mundo extremamente racista. Nesse mundo em que vivemos, precisamos discutir muito sobre o que é a racialidade e principalmente o que é uma consciência negra, não é? A Consciência Negra não se limita em um dia, e não pode se limitar um mês como novembro, mas sim que seja um elo para que essas discussões perdurem o ano todo e que os artistas também possam trabalhar o ano todo, não apenas em novembro, os artistas negros – afirmou Gal Martins, diretora da Sansacroma.
A apresentação seguiu com os dançarinos passando por ‘cachoeira’ montada no palco, e em seguida, numa ode ao belo dos corpos negros, despiram-se, ficando de costas para a plateia, sendo depois cobertos por mantas de algodão cru, com símbolos e palavras escritas em carvão pelo público a cada fim do espetáculo.
Saiba mais da programação do mês de novembro no site do CCSP.


