Público canta em uníssono os grandes sucessos da poesia trovadoresca

Por Alexandre César | Redação CCSP | Fotos: Acervo pessoal

08/10/2025

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Uma data simbólica na segunda noite do 1º Festival de Cultura Popular de São Paulo, afinal, o Brasil comemorou nesta quarta-feira, 08, o Dia do Nordestino, e na Sala Adoniran Barbosa do Centro Cultural São Paulo (CCSP), Xangai fez um show espetacular e emocionante, que contou com a presença maciça do público, fazendo coral de seus eternos sucessos.

Logo de início, Xangai entoou Cantilena de Lua Cheia, em homenagem ao grande parceiro Vital Farias, recentemente falecido. Farias, que ao lado do próprio Xangai, Elomar e Geraldo Azevedo, gravou os icônicos discos Cantoria 1 (1984) e Cantoria 2 (1988), pela Gravadora Kuarup.

Esses LPs popularizaram a Trova Medieval Inglesa e Portuguesa no Nordeste do Brasil, e ajudaram a consolidar as carreiras destes quatro menestréis nas décadas posteriores, angariando uma legião de fãs de várias gerações e idades.

Ainda em homenagens, Xangai citou que conhecia diversos Geraldos, dente eles, Geraldo Azevedo, mas o cantador quis lembrar Canção Primeira, de Geraldo Vandré. O público estufou o peito na hora de recitar os últimos versos: Que eu guarde a esperança que vem vindo o dia de poder voltar, sem ter na chegada que morrer, amada, ou de amor matar

Em seguida, o bardo bahiano lembrou o compadre santista Renato Teixeira, quando interpretou Raízes. Daí, veio Estampas Eucalol, grande sucesso de Xangai, de composição de seu conterrâneo Hélio Contreiras, fazendo os presentes ‘montassem num cavalo alado, salvassem Prometeu e toureassem o Minotauro e salvassem a professora raptada pelo Rei Lear’.

A poesia romântica das baladas deu lugar para as risadas do público quando Xangai declamou uma Jornada de Pastoril, creditada por ele a Jackson do Pandeiro, do qual fazia referência aos cordões Azul e Encarnado.

Uma parte da Adoniran Barbosa citou os versos em defesa do Azul, e outra parte representando o Encarnado, do qual Xangai fez o papel da Contramestra e da Mestra, líderes de seus partidos, respectivamente. O público, que talvez nunca havia ouvido tais versos, caiu em loucas gargalhadas.

E a diversão não diminuiu, nem quando Xangai abandonou as trovas e interpretou Paixão de um Homem, de Waldick Soriano, fazendo todo o público rir mais uma vez, enquanto alguns homens lembravam penosos das ‘ingratas’ do passado.

Para a tristeza de todos na Adoniran, havia chegou a hora de ‘Descansar, morrer de sono na sombra da Barriguda’, quando Xangai cantou Matança, de Augusto Jatobá, canção mais que atual, que fala da luta contra o desmatamento indiscriminado da flora de todo o Brasil.

Hoje é o Dia do Nordestino, e eu acho legal, porque pelo menos tem uma referência e tal, mas é dia de todo mundo, dia do brasileiro… Eu, por exemplo, passei a ser nordestino prefeito de Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) que eu sou do Leste da Bahia. Esse evento aqui é muito valioso, porque o reconhecimento é uma das coisas mais significativas que eu considero. Reconhecer é melhor do que ter que resgatar. Já temos uma tradição, o público do Brasil nos tratam, nós, artistas, muito bem, e eu não tenho queixas. Eu só agradeço – disse o cantor.