Podem participar desenhistas de qualquer nível, idade, estilos e técnicas
Por Alexandre César | Redação CCSP | Fotos: Acervo pessoal
06/10/2025
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O Centro Cultural São Paulo (CCSP) deu início, na última sexta-feira, 03, o primeiro de 10 encontros do projeto Modelo Vivo: Coragem Presente, onde artistas de todas as idades, níveis, estilos e técnicas se reúnem na Sala de Ensaio II. O objetivo é realizar a produção de modelos vivos no papel sob vários olhares, ângulos e aspectos.
Os encontros baseiam-se em exercícios, discussões e debates sobre uso de modelos, que são sempre entre os próprios participantes de forma de revezamento, sem profissionais contratados e sem Ensaios de Nu.
A nossa equipe conversou com cinco desenhistas, além da ministradora do evento, a artista visual Helena Obersteiner, que contaram um pouco sobras suas experiências, expectativas e objetivos.
Olha, eu não tenho muita técnica formal, mas eu acho que exercícios como esses do curso ajudam a gente a prestar mais atenção no que a gente está observando do que no que a gente está pensando. Então, no final isso é o desenho, não é? A gente conseguir se relacionar com o mundo ao redor através do olhar, em vez das pré-concepções que a gente já tenha, sabe? São formas diferentes de você pensar o mundo e ver o mundo, mas, enfim, eu gosto muito de fazer essa troca acontecer também entre palavra e imagem, o traço… – Camilla Cossermelli, publicitária.
Eu acho que Modelo Vivo é um exercício. Para mim, ele funciona como ir na academia fazer o exercício para fortalecer o músculo. O modelo vivo, eu sinto que eu fortaleço o músculo do desenho quando eu o desenvolvo. É um exercício físico, assim, para você desenferrujar e aprender novas formas de desenhar. Eu trabalho com desenho animado. Então, eu tenho a necessidade de saber poses, das posições dos personagens – Rafael Rosa, profissional de Animação.
Eu vou pesquisando sobre a pintura, e tento entrar num estado mental onde a razão e a linguagem ficam afastados, e eu fico num estado onde eu possa pegar da figura humana uma espécie de energia, numa espécie de que isso vai modelar o corpo. E quando eu estou nesse estado mental, desenho também com as mãos, não tanto olhando a figura que ela representa, mas para fazer com que apareça uma figura nova – Leandro Anaguano, artista plástico.
O curso tem me ajudado bastante com a fluidez, porque a técnica, a gente vai pegando um pouco de cada artista, aprendendo com cada artista, mas a técnica em si, não funciona se você não tem fluidez, se você não consegue pegar o gestual das ações humanas, para conseguir passar aquilo de forma mais interessante no papel. Eu uso carvão e lápis, como materiais, mas a fluidez realmente é algo excepcional quando você faz o modelo vivo. E ainda mais com essa movimentação que a gente teve que se obriga a sair de um lugar de conforto. É, você tem uma nova perspectiva de como pegar o movimento como entender o movimento – Clara Larrubia, tatuadora e bióloga.
Como eu sou iniciante, eu não tenho uma técnica específica, então eu usei de influências que eu tenho, como Osvaldo Guedes, que foi um grande gravurista, do poeta piauiense Mário Faustino, da obra do folclorista Câmara Cascudo, do escritor Lima Barreto… Então, procurei captar na simplicidade dos desenhos, o espírito, a alma da pessoa, não é? Naqueles detalhezinhos, quero melhorar a técnica para pegar mais ainda esse espírito, esse sentimento no olhar e no gestual das pessoas – Rafael Rogério Silva, inspetor de qualidade.
O objetivo é a gente pensar a possibilidade de uma prática artística mais horizontal em que a gente trabalhe a nossa coragem, coragem de observar, de ser observado, é entender que o desenho não tem como fim somente a construção de uma imagem idealizada, e sim, ser um meio de aproximação entre as pessoas. O desenho de modelo vivo, antes de ser sobre desenho, é sobre o encontro. A ideia é justamente a gente entender que nós estamos prontos para produzir arte do jeito que nós estamos, aqui e agora. Portanto, a gente não trabalha a ideia da técnica como um objetivo, como algo que exclui. E é interessante pensar que esse projeto vem de uma pesquisa que se chama Desenhos Feios, ou seja, é como é que a gente continua a produzir independente do que nós sentimos em relação ao nosso trabalho. Aqui, temos gente que usa nanquim, que usa cera, outros usam lápis, outros usam a óleo. Todo mundo está à vontade para trazer o seu material, é totalmente livre –
Helena Obersteiner, artista visual e ministradora do encontro.
SERVIÇO:
03, 10, 17, 24 e 31/10
07, 14 e 28/11
05 e 12/12
Sextas das 14h30 às 17h30.
Sala de Ensaio II
(exceto 07/11 Sala de Debate)
Classificação indicativa: 18 anos
Grátis
Evento por ordem de chegada 50 Lugares sem necessidade de inscrição
Acesse a programação do mês de outubro no site do CCSP.


