CCSP realiza primeira Semana de Cinema Nacional

Por Redação CCSP | Fotos: Nina Gocke

Confira toda programação do CCSP

Você irá encontrar: Artes Visuais, Ação Cultural, Cinema, Dança, Literatura, Música e Teatro.

Cada Tijolinho do CCSP

Registro Oral, Escrito e Imagético das Histórias de Quem Construiu e Constrói o Centro Cultural São Paulo

Festival reuniu obras fundamentais do cinema brasileiro, de clássicos à contemporâneos, com sessões que foram além das salas de cinema e das telas. 

Em homenagem ao Dia do Cinema Nacional, comemorado no dia 19 de junho,  o Centro Cultural São Paulo realizou,  dos dias 18 a 22 de junho, a Primeira Semana do Cinema Nacional. O Festival reuniu uma programação repleta de clássicos brasileiros, filmes contemporâneos e ações que foram além das salas de cinema. A iniciativa tem  parceria com Cine 16, Cinemateca Brasileira e Spcine. 

A programação especial foi aberta com a tradicional ‘Madrugada do Cinema’, que exibiu filmes com a temática “Pimenta Brasileira: Uma Viagem pelo Cinema Popular” das 22h às 4h30. Durante a madrugada, foram exibidos os filmes: “A Super Fêmea”, uma sátira ao mundo publicitário em que uma agência de publicidade contrata uma modelo para fazer a propaganda de um novo produto farmacêutico, a pílula anticoncepcional masculina; “Onda Nova”, filme que questiona se hoje somos mais caretas do que há 40 anos atrás; “O Ponrógrafo” filme do cineasta do Cinema Marginal, João Callegaro, que conta a história de Miguel, um homem que assume um cargo de chefia em uma revista pornográfica em 1970, e opta por direcionar a revista ao público homossexual.

“Realizar uma mostra sobre o cinema nacional não foi uma tarefa simples. Desde a concepção do projeto de avaliar quais filmes essenciais pertencem ao recorte dentro de uma historiografia imensa que abrange o cinema brasileiro até a busca pelas cópias e direitos de exibição demonstraram a dificuldade de produção. Acredito que conseguimos realizar um apanhado de programações que fazem uma boa introdução sobre a capacidade do nosso cinema, tanto para a bolha cinéfila quanto para novas gerações, diversificando com movimentos cinematográficos distintos e expandindo a programação para fora das salas”, afirma Carlos Pegoraro, o curador de cinema do CCSP., Carlos Pegoraro.

Viajando para além das telas
Na sala Adoniran Barbosa o  rapper Yannick Hara apresentou  seu show “Yannick Hara e a Terra em Transe”, inspirado no filme Terra em Transe (1967) do cineasta Glauber Rocha. O segundo dia da Semana Nacional de Cinema o  artista lançou os discos Terra em Transe Vol 1 Brasilis (2021) e o Vol 2 Politiki (2022), e as prévias do Volume 3 LA TRANSE, unindo o rap com o cinema novo brasileiro responsável pela estética do Tropicalismo. Hara incorporou elementos multidimensionais em sua performance, indo além da música ao explorar aspectos visuais, emocionais e simbólicos, com destaque para a teatralidade, o uso de projeções do filme e seu rap inspirado no Cinema Novo.

Falando nisso, o Cinema Novo teve em Glauber Rocha um de seus principais líderes, teóricos e expoentes. Ele ajudou a definir os princípios estéticos e políticos do movimento, que buscava um cinema autoral, crítico e comprometido com a realidade brasileira, especialmente com as questões sociais, políticas e econômicas. A relação entre os dois é tão forte que Glauber é frequentemente considerado o rosto do movimento. 

Existem muitas maneiras de se referir a Glauber Rocha, afinal estamos falando de um dos maiores expoentes do cinema nacional. Para esta pequena retrospectiva, preferimos destacá-lo como ‘O Legado Barroco’ pela sua busca por uma estética estritamente brasileira em suas produções. Afinal, o barroco brasileiro destacava a mesma distorção da realidade brasileira a partir de uma influência católica, muito presente nos primeiros longas-metragens do diretor que foram exibidos na mostra”, explica Pegoraro.

Programação do Porão
A Semana também contou com a Programação do Porão, exibida na Sala Ademar Guerra, composta por uma seleção de filmes nacionais com um tom “obscuro”. Foram exibidos os primeiros filmes do personagem Zé do Caixão,  interpretado por José Mojica Marins, autor dos maiores clássicos do estilo gótico nacional: À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967) e O Despertar da Besta (1970). 

O Porão recebeu ainda uma sessão especial oferecida pelo Cineclube Disgraça, que convidou o duo Rádio Diáspora para interpretar musicalmente o filme Nada Além das Horas (1926), de Alberto Cavalcanti, marco inaugural das sinfonias das metrópoles, que retrata de modo impressionista e experimental, um dia na vida de pessoas pobres e marginalizadas de Paris. 

“A adesão do público foi espetacular, considerando um interesse fora da curva em assistir aos filmes selecionados. Em todas as programações tivemos pessoas que vieram preparadas para maratonar todas as sessões. Tivemos lotação na apresentação do duo Rádio Diáspora, que apresentaram o filme Nada Além das Horas de Alberto Cavalcanti, diretor que se aproveitou das vanguardas europeias para experimentar, e geralmente não é lembrado por seu legado. Lotar uma sessão musicada com um filme de 100 anos de idade com Paris como cenário feito por um brasileiro foi impressionante” disse o curador.

No gênero terror, o Cineclube Phenomena apresentou o “Fantástico Nacional no Porão do CCSP”, com uma maratona especial, composta de curtas e longas contemporâneos que foram apresentados no Phenomena Fest ao longo dos anos, e que representam a nova cara do Horror brasileiro.

Sessões ao ar livre
Fechando a Semana com chave de ouro, o CCSP recebeu o projeto Sessão Vergueiro ao Ar Livre, realizado no Jardim Suspenso do CCSP, onde foram disponibilizadas cadeiras de praia para comportar 200 pessoas. A edição contou com duas sessões especiais de filmes que representam o cinema nacional contemporâneo. 

A obra “Homem com H” (2025), de Esmir Filho, uma cinebiografia de Ney Matogrosso, embalou nos sucessos de bilheteria deste ano. Com atuação impecável de Jesuíta Barbosa, o público do Centro Cultural pôde se comover com a história do artista.

E “Saneamento Básico, o Filme” (2007), último filme exibido pela Primeira Semana de Cinema Nacional  com versão restaurada do clássico de Jorge Furtado. A obra foi exibida em DCP (Digital Cinema Package, formato padrão para a exibição de filmes digitais) em uma cópia recém restaurada em uma parceria com a Vitrine Filmes, que trouxe para o  público do CCSP um dos maiores clássicos dos anos 2000 do cinema nacional.

A data
Acredita-se que no dia 19 de junho de 1898 teriam sido feitas as primeiras imagens do Brasil produzidas pelo imigrante italiano Afonso Segreto a partir de um cinematógrafo (aparelho que captava imagens em movimento). Por esse motivo, a data foi consagrada como o Dia do Cinema Nacional.  Junto ao fato de 2025 ser um ano de destaque para o cinema brasileiro com diversos filmes, sendo premiados internacionalmente e termos recordes de bilheteria de filmes nacionais (desbancando os blockbusters hollywoodianos), o CCSP não podia deixar de fazer parte desta celebração. 

Serviço
Para acompanhar futuras programações de cinema no CCSP confira o site oficial e o Youtube. Uma dica:  siga o @cinemaccsp no Instagram. Você vai ficar por dentro de toda a programação do Cinema do CCSP. 

plugins premium WordPress