Espaço é um dos termômetros da cena dos movimentos corporais da cidade

Tão antigo quanto a própria Música, o homem fez uso da Dança por “N” motivos: dançou para comemorar festas, para sacramentos fúnebres e saudar seus deuses, trazer chuva, para conquistar uma mulher ou um homem… mas talvez o principal seja seguir o ritmo das melodias de vozes e instrumentos.

Diz uma frase de um pensador desconhecido: “A Música pode unir as pessoas e a Dança pode conectá-las…”, e seja quem for que tenha dito isso, acertou o passo antes mesmo de dá-lo. E aqui em São Paulo, um dos grandes points da prática e exibição de espetáculos de Dança é no Centro Cultural São Paulo (CCSP), sob curadoria de Mark Van Loo. Em reconhecimento ao seu trabalho, Mark foi agraciado com o Prêmio Especial: Programação de Dança do Centro Cultural São Paulo, pela Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA), em 2024.

O CCSP já vem de uma antiga tradição de oficinas de Dança dos mais variados estilos, sejam elas oferecidas pela própria instituição, sejam elas ministradas pelos mestres dançarinos que utilizam-se do espaço “Corredor da Dança” para lecionar a praticantes de todos os níveis de instrução e idade.

Segundo Van Loo, para conhecer o público voltado para essa arte, foi necessária uma interação com os próprios visitantes do espaço, além do oferecimento de programas pedidos pelos mesmos.

São Paulo é uma cidade multicultural, então, buscamos dialogar com essa diversidade de pessoas que já frequentam o Centro Cultural. Aqui, os jovens praticam Danças Urbanas, como K-Pop, o Breaking, além das demais pessoas que trabalham com as Danças de Salão aqui. Muitos dos grandes nomes da dança contemporânea em São Paulo começaram suas carreiras aqui no CCSP. Nós conseguimos dialogar com as diversas linguagens de ritmos para novos públicos, então, esse sempre foi o nosso mote: Conseguir fazer uma programação que atraia pessoas de todas essas naturezas de Dança e com alguns projetos específicos – enfatizou Mark Van Loo.

Diversificar para conquistar.

Nós temos um projeto chamado Longevidança que é voltado ao público 60 mais, com aulas de Balé para esse específico público. Temos workshops em Danças Urbanas, como também projetos voltados ao público LGBTQIAPN+, ou seja, se não fossem esses eventos, muitas dessas pessoas não estariam aqui. Essa formação de público perpassa por uma visão de que o espaço público deve de fato contemplar pessoas de diferentes realidades socioeconômicas e diferentes realidades culturais de outras geografias, não é? Então, se você não fizer projetos que dialoguem com o público da periferia, eles não virão para cá – ponderou o curador.

Mas engana-se que o CCSP abriga apenas danças urbanas, estilos como Salsa, Lambada, Bolero e até o mesmo o Tango têm seu lugar. Assim, o CCSP reafirma seu papel como um espaço pulsante de encontro e expressão, fazendo jus aos primórdios da Dança: saudar a diversidade e conectar as pessoas com o mundo. A pluralidade presente em sua programação de Dança reflete o compromisso com diferentes linguagens, corpos e territórios, acolhendo tanto artistas iniciantes quanto trajetórias consolidadas. A conexão constante com companhias, profissionais e movimentos externos amplia os horizontes da cena cultural, fazendo do Centro Cultural São Paulo não apenas um palco, mas um verdadeiro ponto de convergência entre o local e o global, o tradicional e o contemporâneo, o individual e o coletivo.

Na próxima semana, acesse a matéria da Curadoria de Teatro.

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