Descubra o que fãs da Sétima Arte buscam nos cines da atualidade

As salas de Cinema Spcine Lima Barreto e Paulo Emílio, do Centro Cultural São Paulo (CCSP) recebem milhares de pessoas todos os meses, desde o público infantil, até cinéfilos, estudantes de Áudio-Visual, e demais amantes da Sétima Arte, que encontram mostras, festivais, lançamentos e revivais de filmes dos mais variados gêneros de ontem e hoje.
 
Para agradar todas as tribos, gostos, e muito além de gregos e troianos, o CCSP conta com uma equipe especializada em curadoria de vários estilos, como drama, clássicos, animações, romance, épicos, aventura, históricos, suspense, terror, comédia, passeando por várias escolas cinematográficas, garantindo a diversidade e o prazer de frequentar as salas de cinema.

Fidelizar o público em cinemas fora dos centros comerciais é um trabalho hercúleo. Mas o que leva os visitantes a comparecerem e retornarem aos cinemas, o espaço ou o filme? Há muitas respostas para perguntas como essa, que a equipe de Curadoria de Cinema do CCSP fez questão de nos contar.
 
Mais importante do que conhecer o público do Centro Cultural é entender os fãs de cinema de São Paulo. Conhecemos bem as salas de cinema da cidade e o que é oferecido, e também exibimos tudo o que esses espaços programam, mas com uma certa parcimônia, pois não é possível fazer tudo de uma vez e também programamos fora das salas comerciais, com uma curadoria mais ampla. Então, conhecer como é o público cinéfilo de São Paulo nos ajudou a trazer uma gama muito variada de fãs ao CCSP; não acredito que a gente conquistou um único público para o Centro Cultural, mas vários, porque a gente sempre vê pessoas diferentes nas sessões – disse Célio Franceschet, curador do CCSP.
 
Ainda sobre esse tema, a Curadoria do CCSP acredita que a fidelização dos cinéfilos não está exatamente atrelada a apenas uma sala de exibição em específico, mas a todo o circuito de apresentações de filmes gratuitos e/ou de baixo custo, fora do grande círculo comercial.
 
Existem, sim, os fiéis que vêm sempre, mas o que acontece: a sala do Centro Cultural São Paulo faz parte de um corredor cultural, que é o chamado Corredor Cultural da Paulista, a gente está praticamente numa extremidade dela. Então, o público cinéfilo que vem assistir às nossas programações é o mesmo público que vai no Cine Sesc, no Instituto Moreira Salles, à Cinemateca, que vai em outras salas também de cinema que têm o caráter cineclubista – não só as nossas. Por isso, não faria sentido a gente pensar que virão sempre as mesmas pessoas. O que a gente entende é que mostras específicas trazem públicos específicos e que sim, algumas trazem pessoas que a gente acaba vendo mais dentro da sala de cinema. Existe um público fiel natural aqui. E eu acho que ele tem muito mais a ver com a acessibilidade que a gente oferece. Porque a gente é uma sala gratuita, ao lado de uma estação do metrô, o que facilita a mobilidade e a acessibilidade – completou o também curador Carlos Pegoraro.
 
Mas quem é o público cinéfilo que frequenta esses espaços? Muitos podem indagar que mostras de filmes fora de catálogo são um material farto em plataformas gratuitas na internet, como YouTube ou em streamings, então, o que faria uma pessoa sair do conforto de seu lar para ver um filme de décadas passadas, o ‘romantismo’ de frequentar um cinema ou a obra em si?
 
Trabalhamos num estilo de curadoria baseado nas mostras de cinema, o que nos permite ter uma ideia de formação de públicos, pois recebemos cinéfilos, estudiosos de um determinado setor do conhecimento, curiosos e amantes de filmes específicos. Por exemplo, temos uma parceria com a Fundação Japão, e quando realizamos festivais de filmes da cultura japonesa, recebemos a visita da comunidade nipônica, inclusive, muitos deles entendem os diálogos, sem precisar das legendas. Isso acontece com as demais mostras de filmes internacionais: suas comunidades vêm aqui assistir e conhecer, visto que São Paulo é uma Cidade que abriga várias comunidades de imigrantes – ressaltou Carlos Pegoraro.
 
Para Célio Franceschet, assistir a um bom filme transcende o simples hábito de ir às salas de cinema.
 
Olha, os filmes que trazemos, tanto na programação como nas mostras, não são tão fáceis de achar nas plataformas de vídeo, como no YouTube ou em streamings. A pandemia deu uma esfriada no hábito cinematográfico. Por quê? Porque as produtoras tinham que vender os filmes e, sem as salas de cinema, começaram a usar os streamings, que já existiam, mas se popularizaram. Para mim, o que causa interesse nas pessoas não é o cinema em si, são os filmes. Conforme os cinemas foram voltando, os filmes em cartaz passaram a ir quase que imediatamente para os streamings. Passada a pandemia, os cinemas estão voltando com força, e isso também tem muito a ver com o filme. Vamos pegar o exemplo do Ainda Estou Aqui (vencedor do Oscar 2025 de melhor Filme Estrangeiro): as pessoas vão falando, convidando os amigos e isso vai criando um hábito de ir ao cinema. Temos públicos aqui em que pessoas vêm com a família, como amigos, mesmo nas mostras das madrugadas. E o mais importante, é a confiança que nosso público tem em nós, seja pelo envio de e-mails comentando sobre o trabalho e os festivais, seja pela persistência, pois mantemos uma programação constante – encerrou Célio Franceschet.
 
Venha conhecer as salas de cinema do Centro Cultural São Paulo. Pegue sua pipoca, escolha uma poltrona e boa sessão.
 
Na próxima semana, acesse a matéria da Curadoria de Dança.
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