As comunidades indígenas e seus saberes ancestrais são fundamentais para a compreensão do passado, vivência no presente e construção do futuro. Neste abril indígena, que tal se arriscar em leituras de vozes originárias? 

Separamos 6 obras para você expandir os horizontes e se aventurar na diversidade da literatura indígena brasileira, que é tão vasta quanto as suas culturas e pontos de vista:

Para repensar a vida e o propósito sob outras óticas

“Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, é um título que traz força, crítica e reflexão. Originário da região do vale do rio Doce e atual líder indígena, Krenak tem a perspectiva de um local cuja ecologia é profundamente prejudicada pela atividade mineradora. A partir desse livro, o autor critica a atitude do homem de separar a humanidade da natureza. A aceitação da diversidade é o caminho mostrado por Krenak, que aponta o equilíbrio como solução contra o abismo a que a sociedade se destina.

Outra obra para refletir na relação do homem com a natureza é “A queda do céu: palavras de um xamã yanomami” de Davi Kopenawa e Bruce Albert. A partir de um grande xamã e porta-voz dos Yanomami, o livro oferece um relato extraordinário e profundo com um testemunho autobiográfico, que é um manifesto xamânico contra a destruição da floresta Amazônica. Desde os anos 1960, a comunidade tem sido ameaçada e enfrenta um conflito étnico-social intenso aliado à resistência do povo Yanomami. O  livro é fruto de mais de quarenta anos de convivência entre Bruce Albert, o etnólogo-escritor, e o povo de Davi Kopenawa, o xamã-narrador.

Para apresentar a literatura indígena para o público infanto-juvenil

A introdução da cultura indígena para crianças é fundamental, especialmente nessa fase inicial em que se fomenta a formação do caráter. As obras de Daniel Munduruku são conhecidas na literatura brasileira por trazer aspectos das comunidades indígenas de forma lúdica para crianças e adolescentes, que contemplam de 8 a 15 anos.

O primeiro título que separamos do autor é “As serpentes que roubaram a noite e outros mitos” (recomendado para crianças a partir de 6 anos), possui ilustrações de crianças Munduruku da aldeia Katõ para incorporar a leitura, que é mais robusta para adolescentes do ensino fundamental. O autor traz mitos contados pelos anciãos da aldeia, aquelas histórias passadas de geração em geração como forma de despertar o amor e o reconhecimento na história e nas lutas da comunidade.

Outro autor indígena que separamos para essa lista é Yaguarê Yamã e a sua obra “Contos da Floresta” (a partir dos 3 anos). Assim como o segundo livro de Munduruku, acima mencionado, ele também trabalha com textos voltados para desenvolver a leitura de adolescentes por intermédio de ilustrações especiais. Nesse livro, o autor recria mitos e lendas do povo indígena Maraguá, conhecidos como “o povo das histórias de assombração” pela região do Baixo-Amazonas – ou seja, se prepare para uma montanha-russa de emoções! Entre animais fantásticos e lendas, as histórias estão sempre imersas na natureza com personagens diretamente ligados ao inesgotável mistério da floresta. Uma leitura para diversificar a narrativa linear e previsível, Yamã promete uma viagem de pura aventura.

Uma outra obra de Munduruku é “O Karaíba – Uma História do pré-Brasil” (para adolescentes de 10 a 15 anos), que participou da lista de leituras obrigatórias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 2023. O livro ambienta-se antes da chegada dos colonizadores europeus: os habitantes do Brasil eram organizados à sua própria maneira e tinham um relacionamento profundo com a natureza e seus elementos. Dando espaço para a imaginação do leitor, o autor traz uma narrativa cheia de aventura, além das perspectivas amorosas e futuras dos seus povos.

Por fim, “Nós: uma antologia de literatura indígena” (a partir dos 10 anos) é uma antologia alimentada por autores de diversas nações indígenas, como Mebengôkre Kayapó, Saterê-Mawé, Maraguá, Pirá-Tapuya Waíkhana, Balatiponé Umutina, Desana, Guarani Mbyá, Krenak e Kurâ Bakairi. Dos mitos às histórias de amor impossível, as narrativas convidam o leitor a viajar por narrativas únicas, sempre com um glossário para auxiliar na leitura. Assim como todas as obras, o livro é uma oportunidade para conhecer as raízes mais profundas da cultura brasileira.

Aproveite para ler e aprender mais com cada autor buscando os livros nas nossas Bibliotecas, que disponibilizam todos os títulos para empréstimo! Os nossos acervos literários ficam abertos de terça a sexta, das 10h às 20h; sábados e domingos, das 10h às 18h; e a entrada é permitida até 30 minutos antes do fechamento.

plugins premium WordPress