Curadoria de Artes Visuais combina acervos de multilinguagens ao público
Andar e percorrer os caminhos das artes plásticas para muita gente parece inatingível, e quando pensa-se em visitar mostras das mais variadas linguagens, as pessoas tendem a supor os museus da Europa ou dos Estados Unidos, mas aqui, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) é uma das grandes referências de curadoria das Artes Visuais do Brasil, e ainda por cima, a visitação é gratuita.
Você sabia que não é preciso atravessar o Atlântico para admirar grandes artistas nacionais e internacionais? Pois é, nos corredores do CCSP, o público pode conferir exposições de Pintura, Fotografia, Escultura, Desenho, Gravura, Colagem, Arquiteura e etc., tanto de artistas consagrados como iniciantes.
Nos espaços do CCSP já figuraram obras de Ieda Catunda, Rosana Paulino, Dora Longo Bahia, Ayrson Heráclito, Hudinilson Jr., Paulo Brusky, Alex Flemming, assim, como os modernistas Tarsila do Amaral, e Oswald de Andrade, dentre outros.

Para cada tipo de trabalho, artista, tema e causa, há um espaço que é meticulosamente estudado e proposto pela equipe de Curadoria de Artes Visuais do CCSP, como ela própria nos conta.
A curadoria funciona de como a gente quer contar uma narrativa que é selecionada, de como ela se reflete no espaço positivo. Então, cada uma delas tem o seu ponto alto, sua riqueza… de algum lugar que instiga mais, porque é justamente uma associação entre uma obra selecionada e como é que ela se coloca no espaço. Então, as relações de local, fluxo dos visitantes e obras, nos dá uma percepção de resultado do trabalho aqui feito, principalmente, através de como é que o visitante se confronta em relação à obra. Por exemplo, o espaço superior tem uma parte dedicada para a Semana de Arte Moderna de 1922, aí, tem uma exposição literária. Acredito que aquelas molduras, aquilo ali tem a ver com vocês ou você especificamente, não é? Essa homenagem ao Centenário do Pau Brasil (livro de 1925, de Oswald de Andrade, e ilustrado por Tarsila do Amaral) a partir dessa efeméride da comemoração do centenário, a escolha da curadoria foi justamente fazer essa ligação entre essa publicação e as obras que estão presentes no nosso acervo. A partir dessa desse diálogo e dessa escala dessas obras, a gente foi entendendo como é que ela poderia se adequar àquele espaço – relatou a arquiteta de exposições Karen Doho.

Mas de onde vem as obras expostas, são do acervo do público, vêm de outros espaços de exibição, de galerias de arte? A curadora Maria Adelaide aponta que as peças são oriundas de várias fontes, e tudo para atender aos interessados e o espaço-tempo do CCSP.
Nosso trabalho demanda muito tempo e com muita antecedência, isso porque temos o nosso acervo, do qual trabalhamos com ele todos os anos, mas também recebemos obras emprestadas de outros espaços de arte, de colecionadores particulares, e nisso tudo há uma logística de transporte, conservação, seguro e etc. Já contamos com um certo público que está fidelizado, mas sempre renova-se, pois recebemos o artista, seus acompanhantes, os críticos, a imprensa especializada nesse campo, então, há um certo interesse que se espalha a outras pessoas, que acabam vindo ao CCSP. O espaço, também, torna-se um local das artes experimentais, pois as novas gerações também pedem uma oportunidade de exibirem aqui suas obras, e isso pode ser conseguido através de um edital anual, os interessados fazem suas inscrições e uma comissão julgadora elege os que poderão ter seus trabalhos mostrados – informou a curadora.

Para a curadora-assistente Maria Luiza Meneses, o CCSP prega um grande serviço à cultura na sociedade, pois ajuda na quebra de preconceitos e paradigmas arcaicos sobre como se constrói narrativas sobre arte e quem faz a arte.
As Artes Visuais são de um campo, que em geral, é visto como bastante elitista, de pouco acesso, até porque muitas obras encontram-se com colecionadores… e é por isso é importante o crescimento das coleções públicas, especialmente num centro cultural, que é a possibilidade de ampliar o acesso do público. Então, a partir das obras e da maneira como a curadoria constrói a narrativa da exposição, o público pode ampliar a sua percepção sobre um tema. Então, por exemplo, a exposição de mulheres que está no piso de Flávio de Carvalho, apresenta muitas facetas de percepção sobre a produção de mulheres no Brasil. E você percebe ali, produções muito radicais e críticas, que te faz pensar que em algum momento da história da arte, as mulheres só produziam pintura sobre paisagem e natureza morta. Esse pensamento ainda perdura em muita gente, mas ao terem contato com essa exposição, o público muda completamente sua percepção – finalizou a curadora.
Para saber mais sobre a programação de Artes Visuais, acesse o site do CCSP.
